Pela 2ª vez neste mês, Tarcísio de Freitas vai ao Litoral Norte e inaugura conjunto com 518 residências no bairro Baleia Verde; outras 186 já foram entregues em Maresias
 



Recomeçar com segurança e dignidade é uma realidade para 704 famílias do Litoral Norte que perderam casas durante chuvas extremas há exatamente um ano. Nesta segunda-feira (19), o governador Tarcísio de Freitas entregou 518 moradias no bairro Baleia Verde, em São Sebastião.


No início do mês, outras 186 famílias também foram beneficiadas na região de Maresias, garantindo atendimento recorde e agilidade em uma ação habitacional sem precedentes. O investimento estadual totalizou R$ 260 milhões nos dois empreendimentos.


Visivelmente emocionado, Tarcísio de Freitas exaltou o trabalho de todos aqueles que participaram do processo de atendimento às famílias de São Sebastião e agradeceu, ainda, a compreensão, paciência e a esperança dos moradores do novo Conjunto Habitacional. "Vocês não perderam a esperança em momento nenhum. Existe só uma maneira de homenagear aqueles que nos deixaram: é seguir em frente e trabalhar, agora, para que nunca mais aconteça alguma coisa parecida com o que ocorreu. É trabalhar para que quem perdeu tudo tenha tudo de volta, para que as pessoas voltem a ter casa, voltem a ter escola, para que a educação venha", disse Tarcísio.


O governador reiterou também o compromisso da gestão estadual com a reconstrução do município de São Sebastião: "Esta, para mim, de todas as entregas do Governo até aqui, é a mais importante. É a que significa mais e representa um laço inquebrantável entre Governo do Estado e São Sebastião. Muito obrigada por tudo que vocês fizeram. Obrigado pela solidariedade de cada um e que vocês sejam muito felizes. Vamos celebrar o começar de novo. Vamos começar de novo, com o pé direito", concluiu.


A cerimônia reuniu os secretários estaduais Marcelo Branco (Desenvolvimento Urbano e Habitação) e André Porto (Gerência de Apoio do Litoral Norte), o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto, o presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), Reinaldo Iapequino, deputados, vereadores e as famílias beneficiadas com moradia digna.


O Governo de São Paulo priorizou o atendimento de moradores afetados pelos deslizamentos e cadastrados pela CDHU logo após o socorro do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, em fevereiro de 2023. A maioria das famílias que receberam as 518 residências no bairro Baleia Verde morava na Vila Sahy, área fortemente atingida pelo desastre. A mudança para o novo endereço começa nesta terça (20).


O conjunto possui 30 prédios de quatro pavimentos e 38 casas térreas, sendo 18 delas adaptadas para pessoas com deficiência. Construídos em um ano, os imóveis têm dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro, distribuídos em 41 m² de área útil. Nos espaços comuns, há parque infantil e aparelhos de ginástica, quadra poliesportiva, área verde, espaço pet, estacionamento, locais de convivência e centros de apoio ao condomínio.


O secretário da SDUH, Marcelo Branco, aproveitou a cerimônia para agradecer a todos os colaboradores que se dedicaram à reconstrução da Vila Sahy: "Nunca foi feito um esforço deste tamanho no Brasil, depois de uma tragédia, como aconteceu aqui na Vila Sahy. Realmente, a dedicação destes funcionários foi extraordinária e eu quero fazer aqui este agradecimento a cada um deles", declarou o secretário Marcelo Branco.


O secretário, por fim, celebrou a oportunidade de recomeço que centenas de famílias vivem a partir de hoje e desejou felicidades aos moradores. "Nós colocamos aqui os nomes de 'Sol Nascente' e 'Pôr do Sol' nestes dois condomínios, para simbolizar este ciclo permanente que é a vida de todas as pessoas. Quisemos fazer uma homenagem a este renascer com os nomes destes dois conjuntos habitacionais. Espero, de coração, que vocês sejam muito felizes neste novo Conjunto Habitacional, neste novo renascimento e neste começar de novo", concluiu.


Com a entrega de moradias definitivas na região da Baleia Verde em 10 meses após o início das obras, o Governo de São Paulo estabelece um novo marco no atendimento habitacional após desastres naturais no país. Em situações normais, conjuntos do mesmo porte seriam entregues em cerca de 36 meses, aproximadamente. Assim, a gestão estadual inovou para superar dificuldades técnicas e propor soluções de desburocratização em São Sebastião.


A ação do Governo de São Paulo para reduzir o déficit habitacional se estende pelo Litoral Norte, com ênfase nas áreas de risco. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação coordena a construção de novos empreendimentos – um deles, no bairro Topolândia, também em São Sebastião, terá 256 unidades e está em fase de licitação.


Aos 46 anos, a empregada doméstica Joelma Ferreira de Lima recebeu a chave de seu novo lar. Após as fortes chuvas, ela, que morava na Vila Sahy havia nove anos, ficou abrigada dentro de uma escola, e, posteriormente, em um apartamento no condomínio Quaresmeiras, em Bertioga, onde teve o apoio de funcionários da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano. "Fomos muito bem acompanhados pela CDHU. Me sinto muito satisfeita com o acompanhamento que tive desde o começo até agora. Já assinei o contrato e quarta vamos pegar a chave. Estou muito feliz por morarmos em um lugar que é nosso. Não tenho nem palavras para descrever o quanto", contou.


Há um ano, Laudenice Ferreira de Lima, de 47 anos, perdeu quatro familiares e também viu sua casa na Vila Sahy, onde morava havia 26 anos, com seus três filhos, se tornar inabitável. Com emoção, relatou que esperou muito pelo momento vivenciado hoje. "Confesso que na noite de ontem nem dormi. Eu estava muito ansiosa e não consegui tomar café da manhã hoje. Senti uma ansiedade para vir logo para cá e assinar o contrato. Estou feliz, pois estou conseguindo meu apartamento. Venho com meus filhos e espero um recomeço melhor, porque este lugar, para mim, representa segurança", afirmou.


Já Maria de Lourdes Fátima Camargo não perdeu nenhum familiar na noite do ocorrido e, por isso, já se sentia muito grata. Tal sentimento, entretanto, ficou ainda maior ao se deparar com a oportunidade de ter uma nova casa para chamar de sua. "Ali não perdi nada, só ganhei, pois tenho minha família. Não é fácil, mas estamos aqui. Agradecemos a todos que estão empenhados, para que possamos estar em nosso lugar de maneira tranquila e sem riscos", declarou.


Por fim, Dona Maria de Lourdes conta que o sentimento de esperança a norteou desde o ocorrido. "Nem senti esse último ano, pois estávamos seguros do que viria acontecer na nossa vida. Quando temos a promessa de uma equipe que olha para o próximo, não sentimos tanto a adversidade e esperamos a hora de acontecer. Confiamos e agradecemos pelo trabalho digno de todos", concluiu.



Tecnologia modular

As 518 moradias erguidas no bairro Baleia Verde utilizam tecnologia "wood frame", uma construção pré-fabricada em que os módulos saem prontos da fábrica para montagem no local da instalação. O uso da técnica inovadora permitiu ao Governo de SP o recorde na execução das novas moradias, na comparação a casos de desastres similares no país.


Largamente utilizada no exterior, especialmente em países e regiões sob condições meteorológicas extremas, a tecnologia de construção pré-fabricada atende a certificações que demonstram isolamento térmico e acústico adequados, além de normas técnicas de desempenho (NBR), em parâmetro equivalente às tradicionais casas de alvenaria.


Todas as famílias atendidas com moradias em Maresias e no Baleia Verde receberam auxílio extra para um recomeço digno, com kits de eletrodomésticos da linha branca compostos por geladeira, fogão, microondas e tanquinho de lavar roupas, além de botijão de gás, camas, colchões e travesseiros.