Em reunião com os Conselhos Superiores da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na manhã desta segunda-feira (19), na capital paulista, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, após defender a descarbonização da economia, recebeu sugestão para que seja instituída uma política específica para metais raros no Brasil. A proposta foi apresentada pelo primeiro vice-presidente da entidade, Rafael Cervone, que também é presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Os chamados "metais de terras raras" ou, simplesmente, "terras raras" são um grupo de elementos químicos de difícil extração. Possuem propriedades magnéticas, luminescentes e elétricas únicas e são utilizados na indústria de alta tecnologia e de transição energética para a produção de supercondutores, turbinas eólicas, painéis solares, celulares e projetos de nanotecnologia, por exemplo. Esse tipo de metal é considerado essencial para o avanço da "tecnologia verde" e desempenha papel fundamental na transição dos combustíveis fósseis.
Na reunião, Alckmin defendeu a redução do "custo Brasil", destacou a importância da reforma tributária e fez um balanço do trabalho desenvolvido pelo Governo Federal em várias frentes de interesse da indústria. Ressaltou, dentre outros fatores, a preocupação com o efeito estufa, decorrente em grande parte das emissões de carbono. "O desafio é substituí-lo, mas pelo quê? Vamos usar o lítio, porque o Brasil é campeão em minerais estratégicos. Temos petróleo, gás, nióbio, ferro, ouro, manganês e zinco. Vamos trocar [fontes que emitem carbono] pelo etanol, pelo biogás e pelo biometano. São inúmeras as alternativas", frisou. O vice-presidente ressaltou que o Brasil tem hoje compromisso com a descarbonização e que esta é uma "questão central".
Ele, que também é médico, lembrou que a pauta ambiental relaciona-se com questões demográficas. Afinal, doenças pulmonares estão entre as líderes de causas de mortalidade no País, com números que se aproximam das moléstias cardíacas e dos casos de câncer.
A sugestão da Fiesp foi apresentada por Cervone após a fala de Alckmin. O primeiro vice-presidente da entidade lembrou que o Brasil, apesar de se incluir entre os líderes globais em termos de reservas de metais raros, ocupa apenas o nono posto no ranking das nações que os produzem.
"Precisamos de uma política de Estado de longo prazo nessa área. O futuro do País passa pelas tecnologias disruptivas, onde os metais raros terão papel preponderante", ponderou. O Brasil é dono da segunda maior reserva mundial, atrás apenas da China, que domina a cadeia produtiva.
SÃO PAULO
20/02/2024 09H45