A chuva na manhã da sexta-feira (30) como a metáfora do choro de santistas, brasileiros e amantes do futebol de todas as partes do planeta. Foi com este cenário que Santos prestou mais uma homenagem (https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/santos-ja-inicia-homenagens-postumas-a-pele-e-fara-show-de-drones-no-reveillon) a Pelé, que morreu na quinta-feira (29), em São Paulo. Uma delas se deu na estátua do Rei do Futebol, na Aparecida, onde foi plantada uma muda de pau-brasil junto à icônica imagem do Atleta do Século 20, inaugurada há 11 anos.
O responsável pelo plantio é o dono da Padoca A Santista, Carlos Eduardo Fernandes, o Carlinhos, 69 anos. O estabelecimento, tradicional reduto de torcedores do Santos FC, se tornou, na manhã desta sexta, local de encontro de jogadores que dividiram espaço nas quatro linhas com Pelé, amigos e admiradores do Rei do Futebol.
A muda de pau-brasil integra o Projeto Ambiental As Mil Árvores Fundamentais e recebeu o número 0593. A árvore tem como tutor Edson Arantes do Nascimento, Pelé, sendo representado por Carlinhos. O empresário conta que a ideia era plantar a muda na casa do Rei do Futebol, em Guarujá. O plantio vinha sendo alimentado há tempos, mas não resistiu aos dribles da agenda do ex-atleta e do agravamento de seu quadro de saúde nos últimos anos.
"Eu fui amigo dele por mais de 20 anos", lembra Carlinhos, idealizador da estátua. "Tivemos a ideia de fazer uma vaquinha para custear esta homenagem, e ela foi inaugurada no dia do aniversário da mãe dele, em 15 de novembro". 
Na manhã desta sexta, quando começou o procedimento, pouco antes das 11h, muitos motoristas passaram buzinando ou gritando "Viva o Rei".

DIA DE HISTÓRIAS
O plantio da muda lotou o estabelecimento, reduto de torcedores do Peixe, de personagens que compartilharam histórias com Pelé. Um deles foi Lalá, 88, que jogou com o mais famoso camisa 10 do Santos entre 1959 e 1962. "Fizemos uma excursão para a Europa, onde disputamos 22 jogos em 40 dias", lembra o ex-boleiro. Ele se recorda que o companheiro de time não fazia sucesso apenas nos gramados. "Ele divertia o grupo cantando no ônibus".
Mesmo quem não foi da geração de Pelé não conseguia reter as lágrimas. Serginho Chulapa chegou ao local por volta das 10h e quase não conseguia falar ao ser entrevistado. Sobre Pelé, resumia: "Quem viu, viu. Foi uma perda enorme. Um grande amigo. Foi Pelé quem melhor levou o nome de Santos e do Brasil para fora. Certamente, ele está no céu recebendo todo o carinho que merece".
Manoel Maria, outro craque que dividiu os gramados com o Atleta do Século, comentou que "foi o Edson que descansou. O Pelé é eterno". O ex-atleta revelou sua gratidão a Pelé. "Eu e minha família somos muito gratos a ele. Era uma pessoa muito generosa. Ajudava muita gente, sem que ninguém soubesse". Sobre o que representava o filho mais famoso de Três Corações para o Santos da época, não titubeou: “Nós éramos os coadjuvantes. Tivemos a alegria e o prazer de estar com ele”.
Para Manoel Maria, a chuva matinal de sexta-feira tinha um significado. "É a natureza chorando".