BRASIL
29/08/2022 08H25
No primeiro debate entre os candidatos à Presidência do Brasil, Jair Bolsonaro atacou uma jornalista, as mulheres, os juízes do Supremo Tribunal Federal e trocou acusações com Lula da Silva, o principal adversário na corrida ao Palácio Planalto.
Bolsonaro reagiu, exaltado: "Vera [Magalhães], não podia esperar outra de você. Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como esse, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro".Organizado pela TV Bandeirantes, a Folha de S. Paulo, UOL e a TV Cultura, o primeiro debate presidencial brasileiro aconteceu na noite de domingo em São Paulo e contou com a presença de Bolsonaro, Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luiz Felipe D'Ávila e Soraya Thronicke.
Após a ofensa de Bolsonaro, as candidatas à Presidência e senadoras presentes no debate, Simone Tebet e Soraya Thronicke, apoiaram Vera Magalhães e condenaram as declarações do atual Presidente.
Simone Tibet, do MBD, acusou Bolsonaro de “ameaçar jornalistas, cometer misoginia e agredir as mulheres brasileiras” e recordou que quando era deputado “defendeu o assassino de uma mulher no Senado, defendeu um torturador de mulheres, votou contra os direitos das empregadas domésticas, contra o contrato de trabalho e direitos das mulheres”.
“Nós temos que dar o exemplo, exemplo que lamentavelmente o Presidente não dá quando desrespeita as mulheres, quando fala dos jornalistas, quando agride, ataca e mente, como acabou de fazer”, acrescentou.
O atual inquilino do Palácio do Planalto, acusou Tebet de “política barata” e de fazer “joguinho de mimimi” e “vitimismo”.
Também Soraya Thronicke, candidata da União Brasil, manifestou solidariedade a Vera Magalhães e acusou Bolsonaro de ser “tchutchuca com outros homens, mas tigrão com as mulheres”.
Thronicke afirmou ainda que Bolsonaro estimula o ódio entre brasileiros, e recordou que no seu Estado Mato Grosso do Sul havia uma mulher que virava onça, uma referência à personagem Juma, da novela Pantanal.
O atual Presidente e candidato a um segundo mandato, que enfrenta resistência no eleitorado feminino, falou em três momentos sobre questões das mulheres – em dois casos motivados por perguntas. Por duas vezes, citou Michelle Bolsonaro e o seu trabalho na área do voluntariado.
O ataque aos juízes
“Não tenho problema com poder nenhum, alguns juízes do Supremo Tribunal Federal que querem, a qualquer preço, interferir no Poder Executivo (…) E o respeito não falta da minha parte. De outra parte que alguns se manifestam contrário a minha pessoa”, acrescentou o atual Presidente.
Lula vs Bolsonaro
Lula da Silva afirmou que as gestões do Partido dos Trabalhadores (PT) foram as que mais promoveram medidas para facilitar investigações de corrupção.
"O país agora está destruído (...) o país que eu deixei é um país de que o povo sente falta", disse Lula da Silva.As sondagens de intenção de voto colocam Lula da Silva como favorito para vencer as eleições presidenciais, com cerca de 45 por cento das intenções de voto, ante 30 por cento de Bolsonaro, 7 por cento de Ciro Gomes, enquanto nenhum dos outros quatro candidatos ultrapassa os 2 por cento.
"O candidato adora citar números absurdos que nem ele acredita," acrescentou.Bolsonaro, então, afirmou que parlamentares do PT teriam votado contra aumentos nos programas de transferência de renda de e provocou: “Por que o PT não aumentou o Bolsa Família? Pagava uma miséria, porque só queria votos", acusou.
Bolsonaro recordou ainda os casos de irregularidades investigados na Petrobras. “O senhor quer voltar para quê?”, questionou. “Para continuar a fazer a mesma coisa na Petrobras?”.
Lula da Silva respondeu que “sabia que essa pergunta viria” e enumerou as medidas tomadas durante a sua governação para melhorar a corrupção no país.
“Este país [que Lula governou], gerou 20 milhões de empregos e é um país que o atual Presidente está a destruir. O país que eu deixei é um país de que o povo tem saudade. É o país do emprego, é o país em que o povo tinha o direito de viver dignamente e de cabeça erguida”, rebateu o candidato do Partido dos Trabalhadores.
O debate foi ainda marcado pela troca de acusações entres os candidatos em temas como a covid, o meio ambiente, economia, educação e fome no país.
A eleição presidencial no Brasil tem a primeira volta marcada para 2 de outubro e a segunda volta, caso seja necessária, a 30 do mesmo mês.
C/Agências