Quase 700 combatentes ucranianos se renderam na siderúrgica de Azovstal, em Mariupol, nas últimas 24 horas, anunciou hoje (18) a Rússia, mas os líderes ainda estariam escondidos lá dentro, atrasando o fim da batalha mais longa e sangrenta da Europa em décadas.
Enquanto isso, a Finlândia e a Suécia solicitaram formalmente a adesão à aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), provocando a expansão que o presidente russo, Vladimir Putin, há muito citou como uma de suas principais razões para o lançamento da "operação militar especial" na Ucrânia, em fevereiro.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que a rendição de mais 694 combatentes significa que 959 pessoas já depuseram suas armas na vasta siderúrgica Azovstal, último bastião de defensores ucranianos na cidade.
Se confirmado, o anúncio russo resolveria grande parte do mistério em torno do destino de centenas de combatentes dentro da usina, depois que a Ucrânia anunciou, ontem, que ordenou que toda a guarnição se retirasse. O Ministério da Defesa ucraniano, que até agora confirmou que apenas cerca de 250 pessoas deixaram a siderúrgica, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário por escrito.
Rendição
O líder dos separatistas pró-Rússia no controle da área disse, segundo uma agência de notícias local, que os principais comandantes dentro da usina ainda não se renderam: "Eles não partiram", disse Denis Pushilin, de acordo com a agência de notícias DAN.
A rendição final de Mariupol encerraria um cerco de quase três meses à cidade antes próspera de 400 mil habitantes, onde a Ucrânia diz que dezenas de milhares de civis morreram sob o cerco e bombardeio russos, muitos enterrados em valas comuns.
Kiev e Moscou disseram, esta semana, que cerca de 250 pessoas deixaram a usina, dando poucas pistas sobre o destino de outras centenas que se acreditava estarem lá dentro. A Ucrânia afirmou que não revelaria quantos estavam lá até que a operação para a retirada fosse concluída.
Autoridades ucranianas falaram da esperança de organizar uma troca de prisioneiros por defensores de Mariupol, que descrevem como heróis nacionais. Moscou diz que nenhum acordo foi feito para combatentes que chama de nazistas.
Feridos
A Rússia disse que mais de 50 combatentes feridos foram levados para tratamento em um hospital, e outros foram para uma prisão recém-reaberta, ambas em cidades mantidas por separatistas pró-Rússia. Jornalistas da agência de notícias Reuters filmaram ônibus levando combatentes capturados para os dois locais.
O Kremlin afirmou que Vladimir Putin garantiu pessoalmente o tratamento humano daqueles que se renderem, mas políticos russos de alto escalão pediram publicamente que eles nunca fossem trocados, ou mesmo que sejam executados.