SÃO VICENTE
06/04/2022 16H40
Monitoramento das gestantes de risco e detecção imediata de portadoras de sífilis são algumas ações que contribuíram para o novo coeficiente
Nos três primeiros meses deste ano, São Vicente conseguiu alcançar a marca histórica de 7,5% da taxa de mortalidade infantil para cada mil bebês nascidos vivos. Esse coeficiente foi divulgado pela Direção Regional de Saúde (DRS), que promove reuniões mensais com os municípios da Baixada Santista e faz o acompanhamento dos números para monitorar e aplicar ações específicas para cada cidade. O fechamento do coeficiente geral é realizado anualmente, mas os dados preliminares são divulgados todos os meses.
Em comparativo com anos anteriores, em levantamentos preliminares, São Vicente registrou 13,92% por cada mil bebês nascidos vivos em 2020. No ano seguinte, em 2021, esse número chegou a 15,8%.
Para a médica, diretora da Atenção Primária de São Vicente e presidente da Comissão Especial de Prevenção à Mortalidade Materno-Infantil e Fetal, Paola Canas, a redução do coeficiente se deve a um conjunto de ações realizadas pela Secretaria de Saúde (Sesau), por intermédio de profissionais da Maternidade Municipal e da Atenção Primária, que atuam diretamente no acompanhamento das gestantes que apresentam gravidez de risco, identificadas no primeiro atendimento nas unidades de saúde.
Conforme informações da diretora, o maior índice de mortalidade está no período entre o nascimento do bebê e os sete dias de vida. “Quando um bebê nasce prematuramente, acaba apresentando um risco maior e necessitando, muitas vezes, de cuidados intensivos. Por isso, o acompanhamento dessas gestantes e a identificação de risco em tempo oportuno são essenciais”, declara.
Em São Vicente, durante toda consulta de pré-natal realizada nas unidades de saúde é avaliada a condição de risco da gestante. As que apresentam gravidez de risco são inseridas, automaticamente, em uma planilha, e monitoradas, quase em tempo real, pela Secretaria de Saúde. Alguns casos que apresentam maior risco são encaminhados para a Maternidade Municipal. Outros, vão direto para o Hospital Guilherme Álvaro (referência para gestações de risco na Baixada Santista), mas todos os casos são monitorados pela Sesau.
Esse ano, para um acompanhamento mais eficaz, as médicas da Maternidade Municipal assumiram a Central Obstétrica de Atendimento Secundário (Coas), que funciona dentro da Unidade Básica de Saúde Central. Três obstetras da Maternidade compõem o Coas, que também tem ajuda e parceria de grupo de alunos da Faculdade de Medicina da Universidade Lusíadas, que faz acolhimento e acompanhamento dessas gestantes.
Na Cidade, 162 gestantes, de 14 a 45 anos, estão inseridas no pré-natal de alto risco. Com o monitoramento, é possível saber quando elas faltam em consultas ou quando apresentam qualquer alteração no diagnóstico e precisam ser internadas.
“Temos gravidez de risco com indicação para internação, e a mãe vai embora porque tem outros filhos para cuidar. Aí nossa equipe faz um trabalho de busca ativa a essa gestante, conversa, orienta e explica sobre os riscos que o bebê corre, e encaminha para internação”, explica Paola.
Outra ação importante desenvolvida com as gestantes é a notificação de sífilis em tempo real. O teste para detectar a doença é realizado na abertura do pré-natal. Se a gestante acusar positivo para sífilis, inicia o tratamento imediatamente. As notificações ficam online e é possível fazer o acompanhamento da paciente quase em tempo real.
Para Michelle Santos, secretária de Saúde, a redução do coeficiente da mortalidade infantil na Cidade é o resultado de um trabalho sério. “Recebemos essa informação com muito orgulho. Sabemos que ainda temos muito a fazer, porque queremos melhorar ainda mais esse número, mas nossas equipes têm se empenhado ao máximo para que nossas gestantes tenham um pré-natal digno e seus bebês venham ao mundo com saúde”, destaca.