Joselino Torres
Na manhã de terça-feira, 29 a Policia Federal (PF) em
parceria com a Controladoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Conta da
União (TCU) realizou a segunda fase da Operação Nácar que investiga fraudes na
contratação de Organização Sociais nas áreas da Saúde e Educação da Prefeitura
de Guarujá no Litoral Paulista.
Foram cumpridos 55 mandados de busca e apreensão em diversas
cidades do Estado de são Paulo.
Na operação de terça-feira, a justiça o também determinou o
bloqueio de mais de R$ 110 milhões de reais em bens dos envolvidos além do
afastamento das pessoas em cargos comissionados e eletivos. De acordo com os
investigadores após a primeira fase da Operação Nácar em setembro de 2021 que
confirmou desvio nas contratações da área saúde a Policia federal descobriu a
existência de esquema semelhante na área da educação.
Foram verificadas irregularidades na contratação da merenda
escolar e pagamentos de propinas para empresários que totalizam mais de R4 30
milhões de reais.
Ainda na primeira fase da Operação Nácar, o prefeito de
Guarujá Valter Suma, chegou a ser preso e liberado após alguns dias. Suman
também respondeu a um processo de impeachment na Câmara Municipal de Guarujá no
final do ano passado, porém, conseguiu a maioria na Câmara a seu favor.
Em nota a Prefeitura de Guarujá afirmou que agentes da Policia Federal realizaram na manha de terça-feira diligências nos Paços Municipais Moacir dos Santos Filhos e Raphael Vitiello e, que, como se trata de investigação de segredo de justiça, a Prefeitura também aguarda mais informação a respeito.
Vale ressaltar que ainda na terça-feira 29, pela manhã houve
buscas também na Câmara Municipal de Guarujá e que à tarde, A Justiça Federal enviou
ao presidente da Câmara Edmar Lima
dos Santos o popular (Juninho Eroso do Progressista), o pedido que
determina o afastamento de Valter Suman do cargo de prefeito. A solicitação
judicial foi lida pelo Secretário da mesa Raphael Vitiello da Silva (PSD) e
acolhido o comunicado pela Mesa Diretora durante a Sessão da Câmara.
Ainda na tarde de ontem foi dado entrada a pedido de
impeachment e afastamento definitivo do prefeito. Na manha de quarta-feira, 30
a Câmara recebeu mais um pedido de impeachment do prefeito Valter Suma.
Em nota a Prefeitura pontuou que com o afastamento do
prefeito Suman, a vice Adriana Machado assumiu internamente a função de
prefeita em exercício. A nota pontua ainda que a Operação Nácar ocorre em
completo segredo de justiça o que impossibilita de maiores informações.
Vale salientar que na hora da busca e apreensão o prefeito
não estava em casa. Segundo informação ele havia saído minutos antes. E ninguém
sabe do paradeiro de Suman até o momento.
Em nota a Câmara Municipal de Guarujá confirmou que, na
manhã desta terça-feira (29), agentes da Polícia Federal e Controladoria Geral
da União (CGU) estiveram realizando diligência nas dependências da Casa de
Leis, em continuidade a operação Nacar-19.
A nota segue ainda dizendo que por se trata de investigação
sob segredo de justiça e ainda em curso, a Câmara não possui outras
informações.
Entenda o caso
No dia 15 de setembro de 2021 o prefeito de Guarujá, Válter Suman, e o secretário de Educação, Marcelo Nicolau, foram presos pela Polícia Federal . A residência de Suman foi alvo de um dos mandados de busca e apreensão da 'Operação Nácar', que apura um esquema de desvio de dinheiro na rede pública de Saúde. Após depoimento na Delegacia da Polícia Federal de Santos, ambos foram levados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente.
Em 16 de setembro, os políticos passaram por audiência de
custódia e permaneceram presos. No dia seguinte à prisão, a
vice-prefeita da cidade, Adriana Machado (PSD), assumiu o cargo à
frente da administração municipal.
Na noite de 17 de setembro, a Justiça Federal concedeu a
liberdade provisória a Válter Suman e Marcelo Nicolau. A
decisão afirmou que a privação de liberdade é excessiva e que ambos foram
soltos por não apresentarem risco de fuga. No dia seguinte, eles saíram
do presídio.
Comissão Processante
Uma Comissão Processante foi criada para analisar o
processo de impeachment do prefeito Válter Suman. Em 3 de
dezembro, Suman protocolou sua defesa na Câmara Municipal. Ele foi
apontado como suposto líder
de uma organização criminosa que desviou verba pública da
Saúde, segundo investigação da Polícia Federal.
A Comissão Processante foi instaurada após uma denúncia
formulada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), por intermédio
do presidente, José Manoel Ferreira Gonçalves, que pedia pela apuração de
eventuais irregularidades relacionadas a contratos firmados entre empresas
privadas e a prefeitura na área da Saúde.
A comissão foi formada pelos vereadores Fernando Martins dos
Santos (MDB), Juninho Eroso (PP) e Sirana Bosonkian (PTB).
Depoimentos
Em 11 de novembro, Suman
explicou a origem de bens e dinheiro em depoimento à Comissão
Processante. O prefeito respondeu a questões elaboradas pelos vereadores, e o
depoimento dele durou cerca de uma hora.
Antes disso, foram ouvidos três depoentes. José Manoel
Ferreira Gonçalves, presidente do diretório municipal do Partido Democrático
Trabalhista (PDT) e autor da denúncia, compareceu à comissão no dia 3 de
novembro.
Em 8 de novembro, dois ex-secretários prestaram
esclarecimentos aos vereadores. Marcelo Feliciano Nicolau, ex-secretário
de Educação, foi apontado como beneficiário de vantagens indevidas e chegou a
ser preso pela PF junto com o prefeito.
Em seguida, Rogério Rudge depôs. Ele é
ex-secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Portuário e foi apontado
como operador financeiro do prefeito Válter Suman. Ele teria ajudado o prefeito
a ocultar o patrimônio ilícito.
Processo arquivado
Em 16 de dezembro, o prefeito Válter Suman foi absolvido
no processo de impeachment que enfrentava. A sessão de
julgamento durou cerca de 20 horas no Plenário da Câmara Municipal de Guarujá.
Ao todo, 11 vereadores votaram contra e cinco a favor do afastamento.
Em nota, Suman agradeceu aos advogados e enfatizou que não
tem nenhuma condenação por ato ilícito que justifique seu afastamento da vida
pública. Ainda de acordo com o prefeito, ele agiu com transparência ao fazer a
intervenção no contrato da Organização Social Pró Vida, que hoje é objeto de
ação civil pública ajuizada pelo município, que pede, entre outras coisas, o
ressarcimento de valores aos cofres públicos municipais.
Operação Nácar-19
Conforme divulgado no Portal Gov.br do Ministério da Justiça
e Segurança Pública, a Operação Nácar-19 combate desvios de recursos destinados
à saúde no município do Guarujá/SP.
A investigação tem como objetivo o combate de possíveis crimes
de desvios de recursos públicos e outros crimes correlatos, praticados por
grupo criminoso, inclusive, envolvendo verbas federais destinadas ao
enfrentamento da pandemia da COVID-19.
Nácar é a substância liberada pela ostra para se proteger e
conter o corpo estranho, formando assim a pérola. O nome da operação é uma
alusão ao processo de contenção de ações criminosas no município do Guarujá,
conhecido como Pérola do Atlântico, e 19 é o evento (Covid 19), que motivou a
destinação dos recursos públicos federais, possivelmente desviados.