Por Andreia Martins - Repórter da RTP* - Kiev

RTP - Rádio e Televisão de Portugal

O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, anunciou nesta segunda-feira (14) que pediu encontro com as autoridades russas e europeias, no âmbito da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (Osce), a ocorrer no prazo máximo de dois dias. O chanceler disse que Moscou tem ignorado os pedidos formais de esclarecimentos sobre as tropas russas na fronteira. A Rússia já deu indicações de que deverá ignorar mais esse pedido.

A Rússia continua a negar a existência de qualquer plano para invadir a Ucrânia, mas mantém mais de 100 mil soldados na fronteira com o país. Kiev exige agora um encontro, nas próximas 48 horas, para esclarecimentos sobre os planos de Moscou.

O mais recente pedido de informação foi apresentado no contexto da Osce, a que a Rússia também pertence. Por meio desse mecanismo, os membros da organização podem solicitar informações sobre as atividades militares de outro país que pertença ao grupo.

“Se a Rússia está falando sério quando menciona a indivisibilidade da segurança no espaço da Osce, deve cumprir compromisso com a transparência militar para diminuir as tensões e aumentar a segurança de todos”, afirmou o chanceler ucraniano.

No entanto, esse pedido também deverá ser recusado. De acordo com a agência RIA, que cita o diplomata russo Konstantin Gavrolov, a Rússia não vai participar do encontro da Osce, agendado para esta segunda-feira a pedido dos Países Bálticos, o que indica posição semelhante do Kremlin em relação ao pedido de Kiev.

Apesar dos vários esforços diplomáticos nas últimas semanas, a diminuição da escalada militar e da tensão não foi alcançada até agora. Nos últimos dias, vários países têm aconselhado os seus cidadãos a abandonar a Ucrânia na iminência de possível ataque.

Com as tropas estacionadas às portas da Ucrânia desde novembro de 2021, a Rússia exige garantias por parte dos Estados Unidos (EUA) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para impedir que a Aliança Atlântica se expanda mais para leste e que implemente mas armamento nas fronteiras russas.

A antiga república soviética não é membro da Aliança Atlântica, mas tem manifestado interesse em integrar a organização. No entanto, com o aumento de tensões das últimas semanas, Kiev tem enviado sinais contraditórios nesse aspecto.

O fim de semana ficou também marcado pelos esforços diplomáticos, com a conversa telefônica entre os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e dos EUA, Joe Biden. No dia anterior, Biden e Vladimir Putin falaram por telefone durante uma hora.

Há uma semana, foi a vez do presidente francês, Emmanuel Macron, viajar até Moscou para se reunir com o presidente russo. Nesta terça-feira (15), o chanceler alemão, Olaf Scholz, se deslocará à capital russa para encontro com Vladimir Putin. Antes, porém, passa por Kiev, para discutir a situação com o presidente ucraniano.