Quem passa diante do sindicato dos 12 mil servidores estatutários e 6 mil
aposentados da prefeitura de Santos (Sindest) vê estacionado um veículo de
potente equipamento sonoro.
A Kombi é da federação dos funcionários públicos municipais do estado de São
Paulo (Fupesp) e está de prontidão, na Avenida Afonso Pena, 123, bairro
Macuco, para possível protesto no Centro.
“Acreditamos num acordo de campanha salarial satisfatório, mas estamos
preparados para um grande protesto na Praça Mauá, diante do paço, e também
outras formas de luta”.
Negociação
nesta quarta
As palavras, do presidente do sindicato, Fábio Pimentel, foram destaque na
‘live’ semanal desta segunda-feira (10), pelo Facebook e Youtube, disponível
nas plataformas digitais da entidade.
Na tarde desta quarta-feira (12), haverá a primeira rodada oficial de
negociação das reivindicações aprovadas em 27 de outubro e encaminhadas ao
prefeito Rogério Pereira (PSDB) dois dias depois.
Às 16 horas, será instalada a comissão de negociação salarial composta por
membros da prefeitura, do Sindest e do Sindserv, num total de nove titulares
e o mesmo número de suplentes.
Decisão é
da assembleia
São três representantes da secretaria municipal de gestão, um da pasta de
finanças e um da de planejamento e inovação, além dos dois de cada
sindicato.
O fato de a prefeitura ter cinco representantes e os sindicatos quatro não
significa, segundo Fábio, que os servidores estão em desvantagem, “até
porque a decisão final será em assembleia”.
O sindicalista lembra que a reivindicação original era de uma comissão
permanente de negociação não apenas salarial, mas sobre todos os problemas
de trabalho enfrentados pela categoria.
Cipa
na saúde
O diretor de comunicação do Sindest e titular na comissão, Daniel Gomes,
ironizou ao afirmar que, segundo dito popular, quando não se quer resolver
problemas, criam-se comissões.
Segundo ele, além da campanha salarial, a comissão idealizada pelo sindicato
teria incumbência sobre outros temas, atuação durante o ano todo e não
apenas nas campanhas para a data-base de fevereiro.
“Queremos um órgão que debata e implante, por exemplo, a comissão interna de
prevenção de acidentes (cipa) na área da saúde, a exemplo do que acontece de
forma eficiente na educação”.
Descaso
da prefeitura
Daniel, que comprovou contaminação pelo coronavírus na semana passada, disse
na ‘live’ que esperou, das 12h45 até as 18 horas, na policlínica do bairro
Bom Retiro, onde mora, para fazer o teste.
“Nesse meio tempo, vi a médica e os demais profissionais de saúde se
desdobrarem para atender um número exagerado de pacientes, sem que isso seja
reconhecido pelo prefeito”.
O diretor Carlos Nobre, também titular na comissão de negociação e com
reconhecida atuação sindical principalmente na área da saúde, criticou o
descaso da prefeitura com a categoria.
Exauridos e
contaminados
“A covid exaure os profissionais de saúde, contamina e deixa sequelas, mas
isso parece não importar para a administração pública, que não reconhece os
méritos dos servidores”.
Carlinhos declarou-se indignado com a suspensão do vale-transporte no
horário de almoço, desde o começo de janeiro, alertando que o vale-refeição
não faz frente aos preços das refeições.
O secretário-geral do Sindest e suplente da comissão, Donizete Fabiano
Ribeiro, defendeu na ‘live’ que a categoria se mobilize e participe das
atividades da campanha salarial.
‘Prefeito faz
que não ouve’
“Infelizmente, vejo servidores pedindo que vereadores nos ajudem no
movimento. Ora, com três ou quatro honrosas exceções, os parlamentares são
braços do prefeito e trabalham contra nós”.
Ele reclamou que a prefeitura, ao contrário de outras da região, não
concedeu o prometido abono aos servidores que trabalharam na linha de frente
do combate à pandemia.
“Por mais que o sindicato cobre”, disse Donizete, “e vivemos cobrando por
meio de ofícios, o prefeito faz que não ouve. É um descaso total com o
funcionalismo”.
Assembleia na
semana que vem
A categoria reivindica reposição salarial de 23,38%, que corresponde a três
índices inflacionários: 4,19%, 4,56% e 13,25%, referentes a 2020, 2021 e
2022.
A pauta, de 47 itens, cobra cesta-básica de R$ 600, corrigida mensalmente,
além de vale-refeição diário de R$ 35, totalizando R$ 1.050 no mês.
Após a negociação desta semana, a diretoria do sindicato convocará
assembleia, provavelmente para a semana que vem, a fim de avaliar a proposta
da prefeitura.
GUARUJÁ
11/01/2022 13H55