SANTOS
01/12/2021 11H24
Com toda uma vida dedicada ao esporte e à Cidade, a atleta da Fundação Pró-Esporte de Santos (Fupes) e campeã paralímpica Beth Gomes, 56 anos, recebeu nesta segunda-feira (29) a Medalha de Honra ao Mérito Braz Cubas, concedida pelo Município, em cerimônia realizada na Câmara Municipal.
“Tenho que agradecer aos meus familiares e aos amigos porque, a cada degrau que eu pensava estar caindo, eles estavam ali para me suportar e permitir que eu pudesse levantar meu astral e acreditar que a vida poderia continuar. Porque hoje estou aqui, mas amanhã não sei como vou acordar, se vou estar falando ou enxergando, pois a esclerose múltipla é assim”, disse a paratleta, referindo-se à doença autoimune que a acomete desde 1993.
“Para mim, receber essa honraria da minha cidade, traz muita alegria e emoção, por saber que eu, como atleta e pessoa, estou contribuindo para deixar um legado a tantos outros que hoje estão inseridos no esporte, com um futuro pela frente. Como funcionária pública e atleta da Fupes, só tenho que agradecer”, discursou a paratleta, que ainda fez agradecimentos à treinadora Rosiane Farias e ao coordenador técnico da Fastwheels (parceira da Fupes), Eduardo Leonel.
Além dos vereadores e de personalidades esportivas da Cidade, esteve presente à cerimônia a vice-prefeita Renata Bravo, que destacou os papéis esportivo e social da homenageada. “Parabéns, Beth. Seu exemplo de vida e de superação vale ainda mais que o ouro paralímpico. Sua participação atuante na Associação do Litoral Santista de Amigos de Portadores de Esclerose Múltipla é mais um gol de placa, ou um arremesso de placa. Não é fácil arranjar tempo para treinar, ser campeã, conquistar recordes mundiais e ainda ser engajada socialmente”.
Superação e conquistas
A história de Beth no esporte teve início aos 14 anos de idade, no voleibol, mas teve o rumo alterado pelo diagnóstico de esclerose múltipla, doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, causando perda de coordenação motora e dificuldades para andar, entre outros sintomas que se agravam com o passar do tempo.
Os primeiros sinais da enfermidade apareceram aos 28 anos. Ela integrava a corporação da Guarda Civil Municipal (GCM) quando se desequilibrou ao tentar saltar uma poça d’água. A partir dali, passou a se locomover com auxílio de bengalas e, posteriormente, de cadeira de rodas.
As novas condições físicas a afastaram do esporte, mas não definitivamente. Quinze anos após o diagnóstico, Beth voltou a competir, desta vez pelo basquete adaptado, já por meio da Fundação Pró-Esporte de Santos (Fupes). Nesta categoria, defendeu a Seleção Brasileira nos Jogos Paralímpicos de Pequim, em 2008.
A sequência na modalidade foi interrompida por um agravamento da doença, que a obrigou a migrar para o atletismo, onde se consagrou no lançamento de disco. O reinício ainda foi prejudicado por novas consequências da esclerose múltipla, que a forçaram a mudar de classe (da F54 para a F53, na classificação de nível de deficiência), ocasionando a ausência nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
Entretanto, os anos seguintes foram de muitas glórias esportivas, com medalhas de ouro no Mundial de Atletismo de Dubai (Emirados Árabes) e nos Jogos Parapan-Americanos de Lima (Peru) em 2019. Já nos Jogos Paralímpicos de Tóquio (Japão), em agosto, Beth foi a atleta com idade mais avançada na delegação brasileira. Terminou com novo ouro e recorde, batido por ela mesma neste mês, no Meeting Loterias Caixa de Atletismo, na capital paulista.