GERAL
05/10/2021 09H31
Reitoria expôs dados referentes à gestão e falou sobre o planejamento de retorno ao presencial
Lucas Cheiddi
Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação em ambiente virtual
A informação que mais preocupa o pleno desenvolvimento educacional é que a faculdade está defasada em relação a seu corpo docente, porém, o gestor garante que, entre as metas de 2022, está a reposição dessas cadeiras. "Uma das nossas metas para o ano que vem é iniciar a reposição de docentes. Estamos defasados de uma maneira assustadora, improvisando com professor emergencial, conferencista e bolsista", afirmou.
Com relação ao conflito entre retorno às aulas presenciais, ensino híbrido e totalmente remoto, Barretti afirmou que a retomada 100% presencial depende exclusivamente das condições de saúde, e que o comitê contra a Covid-19 da universidade tem plena autonomia. "Findado o Plano São Paulo, fizemos então um plano para a Unesp, que é um estrito acompanhamento da pandemia. Imaginamos que em 2022 tenha o retorno totalmente presencial, mas não temos medo de dar um passo para trás, caso a saúde seja ameaçada".
O gestor ainda afirmou que o parâmetro de avaliação é a ocupação das UTIs (menos de 60%) e as taxas de contaminação da cidade de cada campus (menor que um). Por isso, diferentemente das faculdades particulares, algumas unidades estão retomando aos poucos suas atividades presenciais. Ele também disse entender a importância das relações interpessoais nas instituições de ensino, e considera relações remotas uma boa alternativa administrativa, em reuniões por exemplo.
A vice-presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação, deputada Marina Helou (Rede), confessou sua preocupação com a forma que o Estado de São Paulo está lidando com o retorno das aulas presenciais. "Culturalmente, a gente passa a mensagem de que o bar está aberto, o restaurante está aberto, o governo fala em retomar São Paulo, mas nossas universidades e escolas estão fechadas", afirmou.
A parlamentar também perguntou aos reitores sobre as metas orçamentárias da gestão, sobre o controle da efetividade de oportunidades de emprego para egressos e de estágio para alunos, e sobre a posição deles para uma possível reforma tributária no país, que pode mudar a disposição de repasse de recursos das instituições públicas de ensino.
Com relação às metas orçamentárias, o reitor afirmou que o desafio atualmente é não errar na alocação de recursos, já que os bons resultados da universidade são frutos de uma época em que o Brasil estava em alta. "Existe uma pressão sindical enorme, mas às vezes alguns pedidos não cabem. Entendemos que, algumas vezes, as condições não são as ideais, mas também temos de colocar recursos nas áreas de pesquisa e educação. O desafio é não errar e encontrar a balança ideal".
Já com relação às vagas de estágio e a supervisão das oportunidades dos egressos no mercado de trabalho, a resposta passou por duas áreas: as oportunidades dentro da própria instituição e aquelas de fora. "O caminho passa por uma maior relação com o setor produtivo. Não podemos achar que a iniciativa privada é ruim porque não é pública", afirmou.
"Estamos fechando parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), também estamos criando estágio dentro da nossa própria assessoria de imprensa, da nossa assessoria jurídica, por exemplo, então essa questão dos estágios estamos analisando e nos aperfeiçoando. Também estamos apostando muito nas empresas juniores e nas startups. Para os egressos, estamos fazendo um acompanhamento, vendo por onde eles passam, não dá pra fazer muito além disso", completou.
A reforma tributária, porém, é uma área que a gestão ainda não estudou a fundo. "Dizer que estamos estudando isso profundamente não é verdade, mas temos excelentes economistas e uma massa crítica que podem analisar. O modelo estimado é que isso seja definido por lei. Esperamos que não vivamos mais de decreto. Temos que pensar num modelo mais estável", disse.
O presidente da comissão, deputado Sergio Victor (Novo), reforçou a ideia de uma conversa entre as gestões das universidades públicas do Estado, para que, quando o assunto estiver em evidência, elas já tenham um posicionamento definido. Ele também disse concordar com a opinião do professor Pasqual Barretti com relação a lei regente do repasse fiscal.
O encontro entre a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação do Parlamento paulista e o reitor da Unesp para prestação de contas ocorre nos termos do artigo 52-A da Constituição Estadual.
A reunião contou com a participação dos deputados Sergio Victor, Marina Helou, Dra. Damaris Moura (PSDB), Alex de Madureira (PSD), Professora Bebel (PT) e Professor Walter Vicioni (MDB)
Dados da Universidade Estadual Paulista
Durante a reunião, a reitoria apresentou dados relacionados aos últimos anos de gestão, principalmente 2020. Mantendo o padrão de gasto dos anos de 2017 (R﹩2,6 bilhões), 2018 (R﹩2,9 bilhões) e 2019 (R﹩2,8 bilhões), o total das despesas pagas no ano de 2020 foi de R﹩2,8 bilhões.
O orçamento de 2020 da Coordenadoria de Permanência Estudantil foi de R﹩23,7 milhões, a serem gastos com auxílio socioeconômico, auxílio aluguel, moradia estudantil, subsídio alimentação e auxílio estágio para alunos que se encaixem no programa. A expectativa da reitoria é alocar R﹩10 milhões a mais desse valor para 2022, já que a pandemia afetou muitas famílias.
Tomando como base o ano de 2020, a Unesp possui 29 faculdades e institutos distribuídos em 24 campi, 11 unidades complementares, 30 bibliotecas, três colégios técnicos, três hospitais veterinários, três unidades administrativas, cinco campi experimentais, cinco fazendas de ensino e pesquisa e cinco centros de atendimento odontológico.
O número de alunos da graduação e pós-graduação é de 53.578, em face de 8.287 docentes e servidores técnico-administrativos ativos e 7.465 docentes e servidores técnico-administrativos inativos. São 136 opções de curso para graduação, 263, para a pós, além de 1.446 alunos matriculados nos níveis de ensino médio e técnico.
O vestibular 2020 da Unesp teve 96.551 candidatos para 7.365 vagas, totalizando de modo geral 13 candidatos por vaga, podendo variar de curso para curso. 75% deles são do interior, 19%, da Grande São Paulo, 2%, do Litoral Paulista, e 4%, de outros Estados. Atualmente, a instituição tem cerca de 60% dos estudantes vindo do ensino público.
A instituição obteve bons resultados em rankings nacionais e internacionais de ensino. No "World University Rankings", a Unesp foi classificada como a quinta melhor do país (entre 27) e como 492ª do mundo (entre 1300). No "The World University Rankings", foi considerada a 12ª melhor (entre 70) e varia entre 1001-1200ª do mundo (entre 1600). Os números também mostram que as faculdades brasileiras, de maneira geral, mesmo bem classificadas no ensino nacional, estão bem abaixo a nível mundial.
A faculdade desenvolveu ainda, nesse período, plataformas online de apoio à saúde e também de saúde mental, chamadas e-Care Sentinela e TeleAcolhimento Unesp, além do programa Unesp Cuida, que alcançou 633 mil assistências em saúde em um ano, que envolvem odontologia, fonoaudiologia, e outras áreas da saúde.
"Gostaria de dizer que fiquei impressionado com os números mostrados pela apresentação", afirmou o deputado Professor Walter Vicioni.