O técnico de assistência de celulares Robert e o barbeiro Luís ensinam suas profissões para cadastrados em abrigos da Cidade
 
Diz o ditado: “Quando a vida te der limões, faça uma limonada”. E foi exatamente o que Robert e Luís fizeram. Os dois enfrentaram várias tribulações, mas apesar dos desafios, encontraram um caminho para vencer e hoje oferecem oportunidade através de projetos sociais, em parceria com a Secretaria de Assistência Social (Seas), para pessoas em situação de vulnerabilidade.
 
“Ao proporcionar o acesso ao ensino profissionalizante, buscamos estimular o desenvolvimento de novas habilidades e competências. E, também, oportunizar a inserção dos jovens no mercado de trabalho, preparando-os para o desligamento gradativo das entidades de acolhimento”, afirma o secretário da Seas, Leandro Valença.
 
Conheça a história deles:
 
Robert, o técnico de celulares
 

Robert Jonathan Novaes Loureiro já nasceu morando na rua, com os dois irmãos e a mãe, que era usuária de drogas. Ainda criança, a mãe faleceu e ele foi acolhido por um abrigo. Após passar por diversos lares temporários, Robert foi adotado por uma família e, aos 14 anos, cansado de sofrer maus tratos, retornou para as ruas de São Vicente.
 
“Eu trocava um prato de comida por serviços gerais: limpava calçadas, lavava carros, telhados”, lembra Robert. Aos 17 anos, o jovem foi abrigado por um casal que morava em um trailer dentro de uma fábrica de pranchas. O mar virou sua paixão e o fez vice-campeão brasileiro de skimboard, uma modalidade do surfe.
 
Com o incentivo da esposa, Robert voltou a estudar pelo EJA – Educação de Jovens e Adultos, cursou faculdade de Administração e concluiu um curso de assistência técnica de celulares.  


 
Já atuando na área, Robert inaugurou a sua loja, que completa 10 meses. Mas o negócio não parou por aí. “Todo dia me perguntam se eu conheço algum técnico que não esteja trabalhando.
Eu percebi que o mercado de trabalho tinha essa necessidade”, explica Robert. E assim surgiu a escola, juntamente com o sócio. 
 
A primeira turma se formou recentemente e todos os alunos já estão empregados. E o mais especial: em cada grupo, uma vaga é reservada para pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Quando você é gentil com alguém e quando você faz o bem, essa semente vai continuar dando frutos até a eternidade”, afirma Robert.
 
Luís, o barbeiro
 
 
Morador da Área Continental desde os sete anos, Luis Antônio Fagundes dos Santos participou de diversos projetos sociais oferecidos pela Prefeitura de São Vicente. “Os projetos me ajudaram a ter direcionamento e escolher qual caminho eu queria seguir”, afirma Luis. 
 
Aos 13 anos, ele começou a se interessar pela barbearia. “Eu ganhei duas máquinas quebradas, e como sou curioso, consegui juntar as peças e fazer com que uma delas funcionasse”, conta.
Apesar da pouca idade, a vida trouxe uma grande missão para ele, que fez de um obstáculo o seu trampolim. “Meu pai era dependente químico e estava depressivo. Ele não queria cortar o cabelo, mas consegui convencê-lo. Resolvi abrir o portão de casa para entrar mais claridade, quando meus amigos passaram na frente e insistiram para que eu cortasse o cabelo deles também”, lembra Luis. 


 
Juntamente com um amigo, Luis abriu sua primeira barbearia, no Jardim Rio Branco, e está no mesmo ponto há 10 anos. Atualmente, o jovem é referência no ramo e dá aulas para iniciantes em diversas cidades da Baixada Santista. 
 
“Eu queria dar oportunidade para quem não tem condições de pagar pelas aulas. Foi quando nasceu o projeto Navalha de Ouro, que oferece aulas para pessoas cadastradas em abrigos de São Vicente. Meu objetivo é trazer vidas que precisem de apoio e que essas vidas consigam caminhar com as suas próprias pernas por meio do conhecimento”, explica o barbeiro.