A deficiência visual nunca foi um empecilho para a paratleta de Santos Márcia Fanhani (Memorial/Fupes). Seu foco e determinação a fazem pedalar forte, aos 34 anos, para sua segunda participação em Jogos Paralímpicos no ciclismo. Classificada para representar a Cidade e o Brasil no maior evento esportivo do planeta, ela chegará a Tóquio com grandes chances de medalha.


No Japão, a paratleta  disputará as provas de contrarrelógio e perseguição individual, no velódromo, além das provas de estrada e contrarrelógio na estrada. Na bagagem, muitos títulos nacionais e internacionais, como o bronze nos Jogos Parapan-americanos de Lima, no Peru, além da participação nos Jogos Paralímpicos do Rio
 de Janeiro, em 2016.

 
"Chego muito melhor preparada. Estou em treinamento intenso tanto na academia, quanto na estrada. Estou muito confiante em trazer uma medalha", conta. Márcia também tirou de letra os problemas ocasionados pela pandemia. "Atrapalha todo mundo, precisamos apenas cuidar do nosso psicológico e 
ter resiliência", afirma.


ESPORTE DESTE A INFÂNCIA

Márcia já nasceu com deficiência visual, o que não foi barreira para que praticasse esportes desde a infância. Nascida na Capital, ela veio para Santos com sete anos e praticou diversas modalidades como goalball, natação e judô. Depois, precisou parar de praticar por falta de tempo, devido aos estudos e ao trabalho.


"Quando estava com 24 anos, comecei a querer voltar a praticar esporte, comecei a pesquisar e vi o paraciclismo. Nunca havia me identificado 100% com nenhum esporte. Comecei a praticar e vi que tinha encontrado minha aptidão", afirma a atleta. Logo surgiram os primeiros bons resultados.


"No final de 2012, eu resolvi escrever todas minhas metas em um papelão de uma caixa de pizza. Ali eu coloquei Parapan-americano, Mundial e Jogos Paralímpicos. E comecei a lutar por eles". E a determinação fez logo Márcia ser incorporada a equipe do Memorial e se tornar uma atleta de alto rendimento, representando o País por todos os cantos do mundo.

 
Nos Jogos do Rio 2016, Márcia acabou sendo convocada às pressas, após a desistência de uma atleta, mas estava lesionada, não podendo 
ter sua melhor performance. "Chego também mais experiente, a ansiedade é a mesma, porque agora vamos estar do outro lado do mundo e com todas as mudanças causadas pela pandemia. Mas quero aproveitar cada minuto desse momento especial". Antes, ela ainda disputa o Mundial de Paraciclismo Estrada, no Japão.


AMOR À CIDADE

A paraciclista diz ter muito orgulho de poder representar a Cidade em Tóquio. A moradora do bairro Areia Branca se diz santista de coração. "Me sinto privilegiada e renovada por defender Santos, que é um celeiro do esporte".

 
Ela também se sente lisonjeada de ver sua trajetória no esporte servir de exemplo para muitos atletas. "Fico muito feliz quando as pessoas me falam que compraram uma bicicleta por minha causa ou que querem se espelhar em mim. As conquistas ficam para mim, mas o caminho que percorro, esse retorno que eu sinto das pessoas, não tem preço", completa.