GERAL
31/03/2021 18H51
CIESP terá maior participação de jovens para promover mudanças
Reforma tributária, luta contra aumento de impostos na pandemia, aporte tecnológico e ingresso da indústria nos contemporâneos movimentos disruptivos foram temas de debate de jovens empresários.
Rafael Cervone, vice-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP), manteve reunião virtual na noite de ontem (30 de março) com jovens empresários do setor de todas as regiões paulistas. Dirigindo-se aos interlocutores, afirmou: "Queremos ampliar sua participação na entidade, para que nos ajudem a promover as necessárias mudanças disruptivas, fundamentais para promovermos os necessários ganhos de produtividade, competitividade e aporte tecnológico, bem como para responder às transformações da estrutura e das relações trabalhistas, movimentos antecipados pela pandemia da Covid-19".
Cervone, que é o candidato à presidência do CIESP nas eleições de 5 de julho próximo, acentuou no encontro que sua chapa tem 20% de integrantes do Núcleo de Jovens Empresários (NJE) da entidade ou dele oriundos. O empresário, que tem origem industrial no interior paulista, ressaltou ser importante que as experiências e soluções encontradas dentro das entidades de classe sejam levadas às empresas e à sociedade, multiplicando os resultados. "Por isso, é tão relevante a inovação, para a qual é imprescindível a articulação da rede da entidade com o Sesi e o Senai, pois a educação, capacitação técnica e formação acadêmica são os grandes alicerces das mudanças em curso".
Cervone apresentou aos jovens empresários a plataforma de trabalho da Chapa 2, ressalvando que se tratava de uma proposta a ser aperfeiçoada com a sugestão de todos. O plano, intitulado de 5G, numa analogia com essa tecnologia revolucionária, inteligência artificial, robótica, internet das coisas e outros avanços disruptivos, tem cinco princípios básicos: Gente; Gestão; Governança com Responsabilidade Social e Ambiental (ESG); Globalização; e Gosto pela Mudança.
Síndrome de Peter Pan
Cervone respondeu a várias perguntas dos jovens empresários sobre a atuação do CIESP na defesa setorial. Preocupação recorrente refere-se à carga tributária. Nesse sentido, relatou que participara, à tarde, de reunião virtual com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), sobre a articulação das entidades representativas da atividade voltada à realização das reformas administrativa e tributária no Congresso Nacional, ainda este ano. "Ambas são importantes, mas a segunda tem particular impacto na indústria, pois somos hoje 11% do PIB brasileiro, mas pagamos 33% dos impostos empresariais no País".
Esses números evidenciam a perda de competitividade da indústria brasileira para as de outros países. "O problema é hoje mais grave no Estado de São Paulo, cujo governo aumentou o ICMS, em plena pandemia, para 192 das 200 categorias tributáveis. Hoje (30 de março), determinou mais uma majoração do tributo, para a indústria automotiva e dos ovos de Páscoa - pasmem - em plena Semana Santa", lamentou Cervone, relatando que o CIESP negociou até o limite com as autoridades estaduais, esbarrando na posição irredutível do governador João Dória, embora o Estado tenha aumentado a arrecadação em 2020. Além do comércio exterior, há perda de competitividade em relação aos demais estados brasileiros.
"Por isso, entramos com ação na Justiça, ainda não julgada, pedindo o cancelamento dos aumentos do ICMS e participamos como amicus curiae de outro processo no Supremo Tribunal Federal (STF). A Justiça é lenta, mas esperamos vencer, pois não há sentido em aumentar tributos num momento tão grave como o que estamos vivendo", disse o vice-presidente da FIESP/CIESP.
Ainda sobre a questão tributária nacional, e levando em conta que grande parte das indústrias é constituída por pequenas e médias empresas, Cervone disse ser necessário contemplar na reforma tributária a possibilidade de as firmas regidas pelo Simples se manterem nesse regime durante seu processo de expansão, até se firmarem em outro patamar, e só então passarem a ser taxadas de acordo com seu novo porte. "Da maneira como ocorre hoje, as micro e pequenas empresas têm medo de crescer, sufocadas pela Síndrome de Peter Pan, pois não têm condições de arcar com os impostos no momento imediato em que mudam seu nível de faturamento".
União em defesa da indústria
e em favor das mudanças
Portanto, frisou Cervone, "temos ampla pauta de trabalho, para a qual é decisiva a rede do CIESP, a maior do setor no Ocidente, com quase oito mil associados". Para o êxito no enfrentamento de todos os desafios, é essencial a união e sinergia com a FIESP. Conscientes disso, mas entendendo que cada entidade deve ter diretoria autônoma, as bases empresariais sugeriram e foram atendidas na formulação das chapas para as eleições de 5 de julho: no CIESP, Cervone é o candidato a presidente e Josué Gomes, primeiro-vice, na Chapa 2; na chapa única da FIESP, Josué é o presidente e Cervone, primeiro-vice. Está garantida, assim, a unidade.
Na Chapa 2 do CIESP, além da grande presença de jovens, estão representadas todas as 42 diretorias regionais. Há, ainda, forte participação feminina e de pequenos e médios industriais, bem como índice de renovação de 52%, ou seja, o percentual de membros que não atuam na presente gestão. Além disso, 78% dos integrantes são do interior do estado.
Oswaldo Nogueira, diretor-titular do Núcleo de Jovens Empreendedores do CIESP, agradeceu a abertura de espaço para os jovens na Chapa 2 e a convocação de Cervone para que atuem ativamente do novo salto da entidade. "Queremos muito participar e estamos, agora, vislumbrando a possibilidade concreta de fazer a diferença", frisou. Luiz Fernando Lucas, de São José do Rio Preto, acrescentou que "a participação mais ativa dos jovens na próxima gestão é a concretização de um sonho de protagonismo que tínhamos. É muito relevante Cervone proporcionar esta abertura".