O congelamento dos salários dos servidores tem reflexos negativos na
economia, principalmente nas pequenas e médias empresas, nos serviços
autônomos e no trabalho informal.
Mercadinhos, padarias, lojas de material de construção, hortifrútis, feiras
livres, bares, escolas particulares, açougues, peixarias, quitandas e outros
comércios perdem quando cai o poder aquisitivo do servidor.
Da mesma forma, salões de beleza, barbearias, lojistas de ‘shoppings’,
trabalhadores autônomos como pedreiros, pintores, marceneiros, encanadores,
vidraceiros, motoristas de carretos, entre outros.
E o que dizer de dentistas, psicólogos, massagistas, tatuadores, donos e
empregados de bicicletarias, de academias de ginástica, oficinas mecânicas e
de consertos gerais?
A reflexão é do presidente do sindicato dos servidores municipais de Guarujá
(Sindserv), Zoel Garcia Siqueira, que está “muito preocupado”, com as
recentes medidas de arrocho salarial sobre a categoria.


Maioria está
nos municípios

“Mal e parcamente”, diz ele, “ainda são os servidores que detêm alguma
estabilidade no mercado de trabalho. Isso não é privilégio. As médias
salariais da categoria são baixíssimas”.
O sindicalista pondera que “muita gente imagina o servidor como um marajá,
até por força de estigma lançado pelo presidente da república de triste
memória Fernando Collor de Mello”.
“A população em geral pensa no servidor como sendo juízes, promotores, altos
funcionários dos poderes executivo, legislativo e judiciário, com seus
enormes salários, benefícios e privilégios”, diz Zoel.
Mas essa não é a realidade dos enfermeiros, atendentes de enfermagem,
funcionários de limpeza e demais trabalhadores dos prontos-socorros e
hospitais públicos, explica o presidente do Sindserv.
“Nem dos professores e trabalhadores nas escolas públicas, corporações
policiais, repartições de previdência e outros serviços municipais,
estaduais e federais”.


Apoio do
comércio

Ele explica que a maioria desses profissionais têm salários de no máximo R$
5 mil, podendo ultrapassar um pouco esse valor após muitos anos de trabalho
em condições adversas.
O sindicalista explica que a maioria do funcionalismo público está nos
municípios, onde os salários giram em torno de R$ 2.500 a R$ 3.500, mas que
normalmente são pagos sem atrasos ao final do mês.
É esse pessoal, segundo Zoel, que basicamente mantém o comércio e os
serviços. “Ao acabar com os servidores, por meio de arrocho salarial e falta
de concursos públicos, o governo federal afeta também a economia”.
Ele defende que os sindicatos de servidores municipais, estaduais e federais
procurem sensibilizar, em nível nacional, as associações comerciais para
apoiarem as lutas da categoria.
“Quem gosta do arrocho aos servidores é o mercado financeiro, pois a
economia de recursos com essa politica garante o pagamento dos juros da
dívida pública”, finaliza Zoel.