Por G1 Santos
Família de criança atacada por cachorro contesta versão apresentada por deputado — Foto: Reprodução
A família da criança de cinco anos, atacada no rosto por um cachorro da raça pit bull, contestou a versão do caso apresentada pelo ex-deputado estadual Luciano Batista, que caminhava com o animal pela orla de São Vicente, no litoral de São Paulo. Segundo os familiares, o animal não apresentava focinheira e enforcador, conforme determina a legislação estadual, e eles não receberam qualquer tipo de apoio por parte do ex-parlamentar. A menina teve parte do rosto desfigurado pelo cão.
Conforme apurado pelo G1, o caso aconteceu no fim de tarde do último sábado (27), na orla da praia do Itararé, em São Vicente. Após ser mordida na cabeça pelo cachorro, a menina foi encaminhada ao Hospital Municipal, o antigo 'Crei', onde passou pelos primeiros atendimentos. De lá, foi encaminhada a um hospital particular de Santos, onde passou por cirurgia para reconstruir uma grande área na altura da bochecha.
Por meio de nota, a família afirma que a criança sofreu graves ferimentos no rosto e na mão esquerda, além de ter a cabeça dilacerada pelo cachorro, no entanto, a cirurgia inicial foi bem sucedida e a menina recebeu alta médica no último domingo (28). Os familiares afirmam, porém, não saber se haverá consequências estéticas e psicológicas por conta dos ferimentos.
O posicionamento de Batista também foi contestado pela família da vítima, que afirmou que o cachorro, de grande porte e aparentando ser da raça pit bull, estava sem focinheira e enforcador. Na nota, os familiares afirmam que o ex-deputado caminhava com o cachorro em local com grande circulação de crianças e pessoas.
Os responsáveis pela criança relatam, também por meio de nota, que não receberam qualquer ligação ou visita de Batista durante a internação da criança no hospital, e foram comunicados apenas de que o ex-deputado havia comparecido ao Crei para atendimento próprio, sem tentar qualquer contato com a família.
O que diz a lei
O Decreto Estadual Nº 48.533 determina que cães de grande porte de raças como pit bull, mastim napolitano e rottweiller, entre outras, devem ser conduzidos em vias públicas com a utilização de guias curtas, focinheira e enforcador. As medidas são voltadas a evitar a fuga dos animais.
Além da autuação e aplicação de processo administrativo estadual, o tutor flagrado conduzindo os animais de maneira irregular também pode ser multado e deve ser conduzido à delegacia de polícia para registro da infração, registrada como omissão de cautela na guarda ou condução de animais.
Posicionamento
Ao G1 nesta segunda-feira (29), o ex-deputado Luciano Batista afirma que caminha com o pit bull de uma vizinha há cerca de dois anos e meio e se diz surpreso com o ataque do cachorro à criança. Segundo o ex-parlamentar, apesar de saber sobre a determinação da legislação, não utilizava a focinheira por não imaginar que o cachorro pudesse atacar outra pessoa.
"Ninguém usa isso, assim como ninguém usa buzina na bicicleta, essas coisas que ninguém usa por achar que vai acontecer nada. É uma falha a gente achar que não vai acontecer, porque você anda com o cachorro todo dia e o cachorro nunca mordeu ninguém, nunca avançou em ninguém, tira foto com quem nunca viu. Quando você vai achar que ele vai atacar uma criança?", afirma.
Batista afirma, também, que não conseguiu falar com os familiares para prestar atendimento, após o ataque, apesar de tentar contato por meio de amigos em comum. No entanto, se dispõe a prestar auxílio à família da criança.
O ex-parlamentar justificou, também, a apreensão de uma arma de fogo durante a ocorrência ao alegar que, enquanto era atendido pela Polícia Militar, populares afirmaram que ele estava armado. "O policial perguntou se eu estava armado e perguntou se eu tinha alguma arma. Falei que a arma estava guardada e fui buscar, tinha para minha segurança enquanto era deputado".
Segundo Batista, apesar de possuir o registro, o porte para a arma de fogo estava vencido. Após a abordagem, o armamento foi levado à Delegacia de Polícia Sede de São Vicente para o registro da ocorrência. O caso permanece sendo investigado.