O funcionalismo de Santos está sem reajuste salarial não por ter recusado
proposta da prefeitura na data-base de fevereiro, mas porque o prefeito não
continuou negociando o acordo coletivo de trabalho.
A explicação é do presidente do sindicato dos servidores estatutários
municipais (Sindest), Fábio Marcelo Pimentel, ao rebater ‘live’ do prefeito
Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).
O chefe do executivo disse, nesta sexta-feira (29), nas redes sociais e à
imprensa, que os sindicatos não aceitaram os índices oferecidos. Fábio
afirma que eles eram abaixo das necessidades da categoria.
Em 27 de fevereiro, o secretário municipal de gestão, Carlos Teixeira Filho
‘Cacá’, propôs reajuste salarial de 4,19% mais 5% no vale-refeição e na
cesta-básica.
Isso aconteceu na quarta rodada de negociações. “Depois, por mais que
insistíssemos, a prefeitura, em duas reuniões posteriores, manteve a mesma
contraproposta”.
O sindicalista chegou a convocar assembleia para 19 de março, mas teve que
suspendê-la por causa do isolamento social determinado pelas autoridades
diante do coronavírus.


Imensa
má vontade

Agora, Paulo Alexandre alega estar proibido de conceder reajuste por 18
meses, com base em projeto de lei do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
aprovado pelo congresso nacional em 2 de maio.
“O prefeito é formado em direito e deveria saber que lei nenhuma retroage
para prejudicar”, explica Fábio. “A lei é do começo de maio e a nossa
data-base é em 1º de fevereiro”.
“Ele está de sacanagem e essa tentativa de enganar os servidores revela
imensa má vontade. Não condiz com uma pessoa que administra uma cidade como
Santos”, diz o presidente do Sindest.
“Esperávamos um pouco mais de criatividade de um político tarimbado como
ele. Por que não mente, dizendo que gastou todo o dinheiro do cofre com a
pandemia?”, pergunta o dirigente.
“Na verdade, ele não pode dizer isso porque o governo federal mandará aos
municípios e estados o montante gasto contra o coronavírus. A receita será
suprida”.
“Ficaria mais bonito dizer que não dá o reajuste porque não quer. Porque
está com o coração cheio de maldade. Que o servidor não merece, nem mesmo os
que estão na linha de combate contra a doença”, diz.


Decidiremos em
breve o que fazer

“Por que não faz como o ministro da economia, Paulo Guedes, que é autêntico
ao dizer que não gosta de servidor? Por que não diz que considera inimigo o
funcionalismo?”, pergunta Fábio.
O sindicalista ressalta que o congelamento salarial por 18 meses é
questionável e reforça que os servidores de Santos “não aceitam ficar três
anos sem correção salarial”.
“Assim que terminar o isolamento social, chamaremos assembleia para a
categoria decidir o que fazer diante de tanta falta de consideração e falta
de respeito das autoridades”, finaliza.