O irmão do senador Ciro Nogueira (PP), Gustavo Nogueira, recebeu R$5 milhões em mochilas, a pedido do executivo da J&F Joesley Batista. É o que revelou à Polícia Federal o empresário Reginaldo Mouta Carvalho, dono do Supermercado Carvalho, no Piauí, em depoimentos prestados em fevereiro e em abril de 2019, no âmbito da Operação Compensação.
A investigação apura o pagamento de quase R$43 milhões da holding para a suposta compra do apoio do PP à reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2014, e à sua permanência no cargo, por ocasião do impeachment de 2017.
Em fevereiro de 2019, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, determinou o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra endereços de Nogueira e de outros investigados. Na ocasião, Reginaldo Mouta Carvalho detalhou que pagou as primeiras parcelas em mãos a Gustavo Nogueira, e que as demais parcelas ele determinou que fossem pagas pelo tesoureiro da empresa, Gilson de Oliveira Andrade, que já havia revelado à PF uma planilha que demonstrava os repasses feitos pelo supermercado ao irmão do senador.
“Os valores constantes da planilha foram compensados e descontados dos valores efetivamente devidos pelo Comercial Carvalho à empresa J&B [sic], em razão do fornecimento de produtos faturados, conforme informado à Receita Federal”, disse Reginaldo Mouta Carvalho.O empresário ainda relatou que o dinheiro era acondicionado em mochila pelo próprio Gustavo Nogueira, após conferência; que o irmão do senador compareceu sozinho, e que desconhece em qual veículo ele chegava. E detalhou que a ordem para efetuar o pagamento no valor total de R$ 5 milhões foi dada diretamente por Joesley Batista em uma única ocasião, porém foi executada em diversas parcelas, conforme o vencimento das faturas.