Válter Suman, médico gastroenterologista e prefeito de Guarujá
Uma das máximas mais populares na Administração Pública diz que não se deve governar olhando para o retrovisor. É, também, uma das máximas mais corretas, diga-se de passagem. Mesmo quando esse retrovisor é avaliado em nada menos que R$ 200 milhões, valor da dívida que o Município de Guarujá tinha com diversos fornecedores em atraso, incluindo várias parcelas de precatórios.
Foi esse o déficit encontrado no dia 1º de janeiro de 2017, início da atual Administração, que dentro de menos de um mês inicia seu quarto ano de trabalho. Ter as contas equilibradas é uma obrigação legal de todo gestor público, porém, se for possível comparar um Plano de Governo a um plano de voo, é inegável reconhecer que os restos a pagar representam um peso e tanto no delicado momento da decolagem.
Hoje, após três anos, Guarujá não só decolou como, com as dívidas herdadas pagas, conquistou autonomia de voo. O passivo compreendido entre 2012 e 2017 foi, finalmente, quitado. Há três anos, negociar com credores de um Município com grandes sinais de abandono – sobretudo no aspecto da zeladoria – e a credibilidade completamente abalada não foi tarefa das mais fáceis.
Manter a máquina funcionando e encontrar uma maneira de fazer mais com menos, sem desobedecer a legislação vigente, foi um verdadeiro desafio. Foi adotada uma estratégia inusitada, com parcelas variadas, uma proposta que dependia da aceitação de todos os 51 credores da fila, sem exceção, para sair, de fato, do papel. Funcionava assim: nos meses de maior arrecadação, pagamentos maiores. Nos meses com retração, pagamentos menores. Tudo com o devido aval do Tribunal de Contas do Estado, logicamente.
E assim foi feito, com o respaldo de legislação municipal específica para tal. Por isso, é imprescindível frisar que a parceria com a Câmara Municipal foi fundamental. A proposta inicial era quitação em 48 meses, prazo que acabou antecipado para 35 meses, findando o compromisso em novembro de 2019.
O planejamento foi rigorosamente cumprido, sem comprometer a execução do plano de governo e o princípio da evolução na administração pública, com foco nas prioridades de Saúde e Educação, sem esquecer das obrigações para com os servidores públicos.
Mesmo diante dos enormes obstáculos decorrentes da chamada década perdida, definição dada por economistas de renome para o cenário de severa crise econômica no Brasil, Guarujá venceu. Criatividade, inovação, diálogo permanente e resultado. Com união de propósitos e gestão focada e séria, é possível fazer um trabalho diferente e recobrar a credibilidade de toda uma cidade. O trabalho é, e sempre será, a melhor resposta.