Por Zoel Garcia Siqueira
Artigo liberado para publicação
Durante anos, mostrei a meus alunos que a maioria dos golpes nos países da
América Latina afastou presidentes com a justificativa de combater
comunistas e melhorar a vida dos pobres.
A maior parte dos golpes foi articulada pelos Estados Unidos, que evocava a
liberdade do povo latino-americano. Pensei que esses assuntos tivessem
ficado no passado.
Analisando a situação da Venezuela, vejo o presente repetir o passado. Os
Estados Unidos influenciando outros governos a intervir no país vizinho para
combater um ‘ditador’ e libertar seu povo.
Por que só a Venezuela? E a Nicarágua, que também passa por uma crise de
governabilidade? Em 2018, uma brasileira, estudante de medicina, foi morta
por manifestantes naquele país.
E o que fizeram, nesse caso nicaraguense, o governo brasileiro e o
norte-americano, que se intitulam defensores da liberdade? Nada.
Absolutamente nada.
E em outros países do continente, como a Bolívia, que muitos afirmam também
ser governado por um ditador, que parte para seu quarto mandato? Por que os
Estados Unidos não age?
Simplesmente porque Nicarágua e Bolívia não têm o produto que tanto
interessa aos ditos defensores da liberdade: o petróleo. A Venezuela tem a
maior reserva de petróleo do mundo. E muito ouro.
Quando se fala em liberdade para os países da América Latina, a única
simbologia concreta existente nos Estados Unidos é a estátua da liberdade.
Nada mais que isso
“Na prática”, afirmava Eduardo Galeano em seu livro ‘As veias abertas da
América Latina’, “a única liberdade pela qual os Estados Unidos lutam no
continente é o seu próprio lucro”.
Isso é muito claro. Mas, infelizmente, o povo brasileiro e principalmente o
atual governo federal estão servindo de massa de manobra para beneficiar a
maior potência americana.
Essa também é a opinião do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da
câmara federal. Para ele, o Brasil não deve mais ser visado pelos Estados
Unidos para aumentar sua área de influência.
Espero, sinceramente, que as atenções retornem para os livros de história. E
que esses desvios de conduta não façam mais parte do nosso cotidiano.
Zoel é professor, formado em sociologia e presidente do Sindserv (sindicato
dos servidores municipais) Guarujá
GERAL
06/03/2019 15H42