O presidente Jair Bolsonaro publicou nesta terça-feira (5) por meio das redes sociais uma marchinha em resposta à música “Proibido o Carnaval”, de Daniela Mercury e Caetano Veloso.
“Dois ‘famosos’ acusam o Governo Jair Bolsonaro de querer acabar com o Carnaval. A verdade é outra: esse tipo de “artista” não mais se locupletará da Lei Rouanet”, escreveu.
Na publicação, feita pelo Twitter, Bolsonaro não cita nominalmente quem são os dois artistas. O nome dos cantores, no entanto, aparece no início da marchinha divulgada junto com a mensagem.
“Essa marchinha vai para o nosso querido Caetano Veloso e querida Daniela Mercury. Chupa”, diz o intérprete, antes de fazer referência à música. O nome de quem produziu a marchinha não foi divulgado.
A música “Proibido o Carnaval” foi anunciada como “protesto contra o avanço de uma onda conservadora no país”. A letra da canção pede “fim da censura”, que já não existe no Brasil há décadas.
Já a marchinha divulgada por Bolsonaro nesta terça tenta rebater as críticas. “Ei, ei, ei, tem gente ficando doida sem a tal lei Rouanet. Nosso carnaval não está proibido, mas com dinheiro do povo não será mais permitido”, diz.
Em outro trecho, a marchinha diz que “acabou a moleza e a tal lei Rouanet” e cita Bolsonaro. “Quem quiser brincar brinque com seu dinheiro, nosso Brasil vem primeiro, é ordem do capitão.”
Mudanças na lei
Desde a época da campanha, Bolsonaro afirma que pretende fazer mudanças na lei Rouanet, a principal ferramenta de subsídio à cultura na esfera federal.
A ideia seria reestruturar as regras atuais para aumentar o apoio a artistas desconhecidos e produções de pequeno porte e dificultar o acesso a recursos por grandes empresários e artistas famosos.
Uma das principais medidas defendidas é a redução do teto de recursos destinados por projeto. Hoje, a lei permite investir, por meio de renúncia fiscal, até R$ 60 milhões em uma mesma produção. A ideia é que esse valor caia para R$ 10 milhões.
Em entrevista à Folha na segunda (4), Daniela Mercury defendeu um Carnaval “sem policiamento ideológico”.
“A gente precisa muito de um Carnaval sem policiamento ideológico ou de comportamento. São tantas prisões em que tentam nos colocar na vida. Não há nada como a arte para tirar a importância das paredes. Quando chega o Carnaval, a música une as pessoas que pensavam estar separadas”, disse.