EBC São Paulo
A plataforma Diáspora Black, criada pelo engenheiro Carlos Humberto Filho, palestrante da Campus Party 2019, surgiu de uma experiência negativa e da necessidade de contemplar o respeito e a dignidade da população negra. A proposta é conectar turistas interessados na cultura negra e hóspedes e anfitriões preocupados em não reproduzir estereóticos racistas e preconceituosos.
Durante palestra sobre empreendedorismo social, o engenheiro contou que sofreu um episódio de racismo quando colocou seu imóvel para aluguel de temporada em sites de compartilhamento.
“Eu senti que eu não posso pactuar com um produto, com um serviço, que me discrimina. Eu preciso ser atendido com a mesma qualidade e eficiência. À medida que eu pago por um produto que, de alguma maneira, não está enxergando ou está pactuando com uma conjuntura que me discrimina, eu não posso me sentir ali representado”, destacou.
Segundo ele, a Diáspora Black nasceu dessa experiência. “Não é uma necessidade minha, mas é uma necessidade de milhões de brasileiros, somos quase 110 milhões de brasileiros, que não têm no campo do turismo serviço e produtos de representatividade”, acrescentou.
O uso da plataforma Diáspora Black é simples: a pessoa se cadastra e pode procurar tanto por hospedagens em mais de 100 cidades ou oferecer sua casa para acomodar turistas. O negócio oferece ainda pacotes turísticos com foco na história e cultura dos negros.
Carlos ressalta que o visitante pode se surpreender com outro foco turístico, diferente do que as agências tradicionais disponibilizam. Ele cita como exemplo o bairro da Liberdade, na capital paulista, que é reduto da comunidade japonesa, mas tem nos registros uma história marcante da cultura negra.
“A possibilidade de você viver a cultura tradicional oriental e a possibilidade de você entender a cultura tradicional negra em um mesmo lugar. Para o turismo, para um estrangeiro, ou ainda para quem mora nessa cidade, isso alimenta tanto o conhecimento, como a autoestima”, disse.
“Destaco roteiros como comunidades quilombolas, são comunidades hoje que estão muito fragilizadas e que encontram nessa visitação um elemento econômico, um elemento para compartilharem suas experiências e o quanto isso é transformador para a vida das pessoas que visitam esses espaços”, acrescentou sobre alternativas de roteiros turísticos que proporcionam novas experiências aos visitantes e valorizam a comunidade local.
Mesmo com foco para o turismo relacionado à cultura negra, Carlos Humberto reforça que o cadastro na plataforma é aberto para todos e revela que 20% dos cadastrados são não negros. A plataforma pode ser acessada pela internet.
Campus Party
A 12ª edição da Campus Party Brasil começou ontem (12), em São Paulo, com a expectativa de reunir mais de 120 mil visitantes na área gratuita e cerca de 12 mil na Arena, espaço exclusivo para quem comprou ingresso.
No evento de imersão tecnológica, durante cinco dias, os participantes estarão envolvidos com temas como Internet das Coisas, que é a interconexão entre aparelhos tanto físicos quanto virtuais, com base nas tecnologias de informação e comunicação; criptografia, educação e empreendedorismo, entre outros. De acordo com a organização, serão mais de mil horas de programação, com mais de 900 palestrantes e internet com velocidade de 40 GB durante 24 horas.
A programação completa da Campus Party Brasil pode ser conferida no site do evento.