Por Zoel Garcia Siqueira
Artigo liberado para publicação
É muito difícil defender a prática da educação nas escolas brasileiras,
principalmente pública, com base nos índices de avaliações nacionais ou
internacionais.
Nosso país quase sempre fica nas últimas posições, embora, no mundo moderno,
não exista outro caminho além da educação para a melhoria econômica e
social.
Não há país desenvolvido que não tenha investido pesado na educação de
qualidade para todos. E isso nos obriga a refletir sobre a modalidade em
crescimento no Brasil e no mundo: a ‘homeschooling’.
Traduzida para ‘educação domiciliar’, ela é desenvolvida em casa, pelos
pais, ou por professores contratados. O atual governo estimula essa prática
e quer regulamentá-la nos primeiros 100 dias de gestão.
A sociologia nos ensina que o ser humano não é uma ilha. Ele não deve ser
criado longe dos semelhantes. O aprendizado não é transferido de forma
condicionada.
Isso dá certo com os animais irracionais domesticados. Para os humanos, é
necessária a convivência que fortalece e aperfeiçoa nossos conhecimentos
coletivos.
O convívio só ocorre nas escolas, onde a qualidade dos semelhantes influi no
aprendizado. A convivência social nos leva a enxergar muitas coisas que
ficam limitadas no convívio apenas doméstico.
O rápido desenvolvimento da fala, por exemplo, acontece quando a criança
passa a conviver com outras crianças. Ficando apenas em casa, ela tem muito
mais dificuldades para deslanchar nas palavras.
É preocupante a proliferação da ‘homeschooling’, ainda mais baseada em
questões religiosas e preconceituosas. Seus defensores apontam professores
esquerdistas, socialistas e comunistas.
Isso é uma bobagem. Quem conhece a educação básica brasileira sabe que esses
‘fantasmas’ não existem. Pode haver um professor socialista aqui, outro ali.
Mas a maioria é apenas professor.
A família é extremamente necessária para o desenvolvimento do ser humano,
mas a escola também é. Mesmo essa tão criticada escola brasileira. A
‘homeschooling’ não é a solução para a crise educacional.
Zoel é professor, formado em sociologia e presidente do Sindserv (sindicato
dos servidores municipais) Guarujá
GUARUJÁ
11/02/2019 13H25