O maior culpado pela tragédia de Brumadinho, que tomou o espaço da mídia nos
últimos dias, é a ganância do capitalismo concentrador de renda e a sua
obsessão por aumentar cada vez mais os lucros.
Tanto que os investidores internacionais da Vale estão processando-a não
pela morte de centenas de seres humanos, mas sim pelo prejuízo com a queda
das ações da empresa.
O processo de privatização implantado no Brasil desde o governo Collor, que
atingiu o ápice com Fernando Henrique Cardoso, não é criticado pelos meios
de comunicação.
Várias empresas brasileiras foram vendidas a preço de banana e as agências
reguladoras criadas para fiscalizá-las na realidade mais fazem política do
que supervisionam.
Vivemos atualmente o mesmo momento de combate às estatais e valorização das
privatizações, pois a ganância por lucro continua se sobrepondo às questões
humanitárias.
A reforma trabalhista implantada no final de 2017 é prova disso. Trata os
trabalhadores não como seres humanos, mas como um meio para aumentar os
lucros.
Essa desvalorização do ser humano está nos destruindo. Quantas tragédias
terão que acontecer para darem mais importância à vida do que à balança
comercial? 
Quantas tragédias para provar que a vida é mais importante que o crescimento
do produto interno bruto (pib)? Para reconhecerem que o ser humano é mais
importante do que a ganância e o lucro?

Zoel é professor, formado em sociologia e presidente do Sindserv (sindicato
dos servidores municipais) Guarujá

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