Morreu na noite deste domingo (18) o leão marinho Abaré-inti. Nascido no Zoológico de São Paulo, no dia 2 de fevereiro de 2005, o animal estava no Aquário desde 9 de dezembro de 2011 e era o mascote do parque. Exames realizados nesta manhã (19) apontam que ele sofreu torção severa em uma alça intestinal, causando dor intensa e isquemia no órgão.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Marcos Libório, Abaré-inti alimentou-se normalmente até as 14h de domingo (18), quando apresentou um quadro agudo de cólica abdominal, ainda sem causa conhecida, que culminou com a sua morte. ''Tudo que podia foi feito para salvar a vida do Abaré-Inti. Na hora em que ele morreu, o médico-veterinário estava junto. A equipe, o Aquário, a Secretaria de Meio Ambiente, estão todos consternados. Ele era uma referência para a Cidade, cercado de cuidados e carinho'', disse o secretário.
Biólogo marinho e coordenador do parque, Alex Ribeiro explicou que a necropsia foi acompanhada pelo chefe da Divisão de Veterinária do Zoológico de São Paulo, Fabrício Rassi, e pelo professor de Patologia do Centro Universitário São Judas – Campus Unimonte, Guilherme Godoy. ''Foi um quadro hiperagudo. O animal sofreu uma torção na região intestinal, o que causou uma isquemia naquele órgão. Isso mata e não há como prever ou prevenir''.
Ainda segundo Ribeiro, no Zoo de São Paulo, o pai do leão-marinho apresentou quadro semelhante de problemas abdominais, mas não é correto pensar que há algum componente genético. ‘’Isso está descartado, é algo puramente anatômico’’.
ROTINA
Uma equipe de10 a 12 pessoas lidava diariamente com o animal. Dois veterinários, três tratadores, biólogos, três estagiários e equipes de limpeza interagiam com ele todos os dias.
''Ele era um animal feliz. Quando chegou aqui, estava mais agressivo, até mesmo com os pais dele, e tinha problemas de pele. Aqui, encontrou o ambiente adequado, tomava banhos de sol, foi ficando cada vez mais dócil e o problema de pele desapareceu. Eu o via diariamente, acompanhava toda a sua rotina. É comovente. Agora, fica o vazio''.
CUIDADOS ESPECIAIS
Abaré-inti vivia em um tanque de 80 m², especialmente adaptado para ele, com 450 mil litros de água do mar. Para garantir o bem-estar do animal, em 2013, o Aquário criou protocolos de comportamento específicos com atividades para desenvolver habilidades e entreter o leão-marinho, tornando o tempo dentro do cativeiro mais produtivo e interessante.
Os exames médicos, por exemplo, eram realizados de forma que o animal pensasse que estava brincando. E, nos verões, ele ganhava 'picolés' com peixes para que tivesse o trabalho de quebrar os cubos de gelo e chegar ao alimento.
O PREFERIDO
Considerado um jovem adulto, Abaré-inti era o preferido da maioria dos visitantes do parque. O nome Abaré significa 'amigo do homem' e Inti representa 'Deus do sol', pela mitologia inca.
Por ter nascido em cativeiro, Abaré não poderia ser solto no mar, porque não saberia buscar o próprio alimento. O recinto onde vivia reproduzia seu habitat natural. Em uma arquibancada, o público passava boa parte do tempo admirando o animal.
Abaré-Inti era o maior animal do Aquário e mais pesado até mesmo do que os tubarões que vivem no parque: 2 metros de comprimento e cerca de 300kg. E era justamente o peso do leão-marinho um dos fatores que faziam com que ele fosse educado para obedecer aos comandos, principalmente durante exames médicos.
A espécie de Abaré-inti, Otaria flavescens, é semiaquática, vive em áreas de baixas temperaturas, de preferência em pedras. Os animais são encontrados em colônias no Rio Grande do Sul e também na costa da Argentina. No inverno, alguns podem ser vistos na praia do Sul. O tempo de vida da espécie pode chegar a 30 anos.