Agência Brasil  Brasília

Um policial militar do Paraná foi ferido superficialmente e seu agressor baleado na perna durante o cumprimento de um dos 108 mandados de prisão cautelar expedidos pela 3ª Vara Criminal de Londrina (PR), no âmbito da Operação Sicário.

Deflagrada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PA), com o apoio das polícias militar e civil, a operação é resultado de um ano e meio de investigação de uma suposta organização que comandaria a prática de crimes recorrentes a partir do interior de presídios paranaenses, sobretudo na região de Londrina (PR).

Segundo o comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, em Londrina, major Nelson Villa Junior, o PM sofreu uma “lesão superficial” durante luta corporal com um investigado que resistiu à ordem de prisão. O agressor acabou sendo atingido por um tiro na perna, disparado por um policial civil que participava da ocorrência.

“Diante da necessidade de se defender em meio à luta corporal, o policial civil efetuou um disparo que atingiu a perna do indivíduo”, declarou o major, confirmando que o agressor não estava armado.

Apreensão de provas

Além dos 108 mandados de prisão cautelar, estão sendo cumpridas 100 ordens judiciais de busca e apreensão de provas. Quarenta e oito dos mandados de detenção tem como alvo pessoas que já se encontravam detidas em unidades prisionais do estado, cumprindo pena ou aguardando o julgamento em outros casos.

Segundo o promotor Leandro Antunes Meirelles Machado, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, a investigação apura, entre outras coisas, a morte e a tentativa de extorsão de agentes penitenciários, policiais e o sequestro de pessoas que os investigados entendiam ser um entrave aos objetivos ilícitos da organização criminosa, ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Conseguimos dissecar o funcionamento da organização criminosa, que tinha diversas vertentes”, disse Machado a jornalistas, na manhã de hoje (31). “Investigamos estas 108 pessoas [alvo dos mandados de prisão] e definimos como cada uma delas atuava. Cada uma tinha uma função, como se fosse uma empresa”, acrescentou o promotor.

“O que dá para demonstrar é que há uma grande organização criminosa que atua em nível nacional e diversas associações paralelas. Alguns faccionados integram esta organização maior e, [em nível local] se unem a outras pessoas interessadas na prática de crimes paralelos, principalmente o tráfico de drogas”, acrescentou Machado.

Tráfico de drogas

Segundo o MP, a principal fonte de rendimentos da organização era o tráfico de drogas. No entanto, com o passar do tempo, o grupo cometeu outros crimes, como sequestros, roubos, homicídios, venda e porte de armas, estelionatos e falsificações.

Além de membros de organizações rivais, com as quais disputam o controle do tráfico de drogas na região, há a suspeita de que membros da própria organização podem ter sido vitimados pela violência do grupo.

“Eles sequestravam e extorquiam não só rivais, mas todos que a organização entendia que atrapalhavam seus objetivos. Incluindo membros da própria organização”, comentou Machado.

A menos de uma semana à frente do 5º Batalhão da Polícia Militar, em Londrina, o major Nelson Villa Junior disse que a organização planejava e comandava, de dentro dos presídios paranaenses, os crimes que outros membros do grupo praticavam do lado de fora. Para o militar, o cumprimento dos mandados judiciais representará um “duro golpe” na organização criminosa, sobretudo, nas finanças do grupo.

Cerca de 300 agentes públicos participam da Operação Sicário, entre promotores de Justiça, policiais militares e civis, além de agentes penitenciários de diversas unidades do Paraná. Até as 11h30, 42 mandados de prisão já tinham sido executados, sendo 37 contra pessoas em liberdade e sete contra detentos. Os números estão sendo atualizados a todo instante.