Reuters  Washington

O procurador especial dos Estados Unidos, Robert Mueller, disse, nessa quarta-feira (29), que a investigação sobre a interferência da Rússia na eleição de 2016 jamais terminaria com acusações criminais contra o presidente Donald Trump e que não dará mais informações do que aquelas já publicadas em seu relatório.

Em seus primeiros comentários públicos desde que iniciou a investigação, em maio de 2017, Mueller afirmou que as diretrizes do Departamento de Justiça o proibiam explicitamente de fazer acusações contra um presidente no exercício do cargo.

"Acusar o presidente de um crime, portanto, não era uma opção que poderíamos cogitar", disse o procurador em entrevista, ao anunciar sua renúncia do Departamento de Justiça.

Uma versão editada do relatório Mueller foi publicada em abril, concluindo que a Rússia interferiu repetidamente na eleição de 2016, e que a campanha eleitoral de Trump teve múltiplos contatos com autoridades russas, mas não se envolveu em uma conspiração criminal com Moscou para conquistar a Casa Branca.

O relatório Mueller tampouco julgou se Trump obstruiu a Justiça, mas delineou 10 instâncias em que ele tentou impedir a investigação.

"Se tivéssemos a crença de que o presidente claramente não cometeu um crime, teríamos dito isso. Nós, entretanto, não determinamos se o presidente de fato cometeu um crime", afirmou Mueller, acrescentando que o relatório, de 448 páginas, fala por si.

"Além do que eu disse aqui hoje e do que está contido em nosso trabalho escrito, não acredito que é adequado eu falar mais", observou o procurador em rápida entrevista na sede do Departamento de Justiça.

Ele não respondeu perguntas.

Trump, que rejeitou diversas vezes o inquérito Mueller, classificando-o como uma caça às bruxas, disse que o assunto está concluído.

"Nada muda em relação ao relatório Mueller", escreveu no Twitter. "Não havia indícios suficientes e, portanto, em nosso país, uma pessoa é inocente. O caso está encerrado!"

Desde a publicação do relatório, democratas estão debatendo se iniciam um processo de impeachment contra Trump ou se simplesmente continuam as várias investigações sobre seu governo e negócios particulares.

"Dado que o procurador especial Mueller não foi capaz de apresentar acusações criminais contra o presidente, cabe ao Congresso reagir aos crimes, mentiras e outras irregularidades de Trump – e o faremos", disse o presidente do Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados, Jerrold Nadler.