O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) marcou para esta quarta-feira (15), às
14h30, em São Paulo, audiência de instrução e conciliação sobre a greve nos
micro-ônibus ‘seletivos’ de Santos.
A greve, por indeterminado, começou na manhã desta segunda-feira (13),
quando, das 6 as 9 e das 17 as 20 horas, circularam 20 dos 28 veículos
regulamentares.
Entre 9 e 17 horas, rodaram 11 dos 22 em atividade nesse horário. A greve
foi confirmada em assembleia no sábado, por causa de atrasos de duas
cestas-básicas, um tíquete-refeição e salários de férias de maio.
Como a paralisação já havia sido aprovada na segunda-feira passada (6), a
empresa Guaiúba, do grupo Sobral, recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho
(TRT) para ter pelo menos parte da frota em circulação.
Na sexta-feira (10), o desembargador Carlos Roberto Husek reconheceu a
legalidade da greve, mas determinou a rodagem de 70% dos ônibus entre 6 e 9
horas e 17 e 20 horas.
Nos demais horários, chamados de ‘entre picos’, entre 9 e 17 horas, devem
circular, segundo a decisão judicial, 50% dos veículos. A empresa
compromete-se a pagar os atrasados até 30 de maio.
Nas assembleias da semana passada, no sindicato dos trabalhadores em
transportes rodoviários de Santos e região, os empregados da Guaiúba
reclamaram que os atrasos são constantes, ao longo dos anos.
Nesta segunda-feira, diante da garagem, na Rua João Éboli, 43, Vila Nova,
muitos ponderaram que, por causa dos seguidos atrasos, suas dívidas pessoais
vivem acumuladas.
Na assembleia de segunda-feira passada, os trabalhadores reclamavam do
vale-refeição atrasado desde 25 de abril. E da cesta-básica, desde o quinto
dia útil daquele mês.
Naquela oportunidade, não havia previsão de pagamento da cesta que venceria
na terça-feira (7). E ela realmente não foi quitada. Os salários, por outro
lado, foram pagos entre terça e sexta-feira (10).
Agora, a empresa Guaiúba, do grupo Sobral, deve duas cestas, um
tíquete-refeição, pagamento antecipado das férias de maio, depósitos do
fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS) e do plano de saúde.

Empresa promete
pagar até o dia 30
Segundo o vice-presidente do sindicato, José Alberto Torres Simões
‘Betinho’, os motoristas têm salários de R$ 2.092, vale-refeição de R$ 550 e
cesta-básica de R$ 112. 
A decisão judicial determina que se o sindicato ou a empresa desrespeitarem
o percentual de ônibus em circulação, haverá multa de R$ 10 mil por dia para
a parte que causar o desrespeito. 
“O pessoal está cansado dessa situação, que se repete com frequência ao
longo de anos”, explica Beto. “Por causa dos atrasos, os trabalhadores
acumulam dívidas e pagam altos juros bancários”.
O secretário-geral do sindicato, Eronaldo José de Oliveira ‘Ferrugem’,
argumenta que “ninguém faz greve por gostar de greve. A necessidade leva a
categoria e esse extremo”.