Os atuais e os próximos aposentados ficarão sem pagamento das aposentadorias
se a reforma da previdência do governo for aprovada pelo congresso nacional.
A afirmação é do advogado especializado em previdência social Sérgio Pardal
Freudenthal, que esteve no sindicato dos servidores municipais de Guarujá
(Sindserv), na noite desta quarta-feira (24).
Foi a primeira reunião local do ‘fórum contra a reforma da previdência’,
quando se definiram atividades de esclarecimento à população sobre o
problema.
Pardal explicou que as aposentadorias deixarão de ser pagas porque não
haverá dinheiro na previdência social, já que os futuros segurados não
contribuirão mais com o atual regime de repartição.
Se a chamada capitalização embutida na reforma vigorar, as contribuições,
exclusivas dos trabalhadores, serão feitas em contas bancárias individuais,
sem aporte das empresas.
Sem
garantias
Pardal explicou que, se a reforma for aprovada, os aposentados “não terão
mais garantias constitucionais. A previdência, a saúde e a assistência
social estão em risco muito grave”.
Segundo ele, a previdência “não tem déficit. Ao contrário, é superavitária.
O problema é que pegam seus recursos para outras finalidades, inclusive
pagamento de juros da dívida pública”.
Para ele, “a reforma contempla interesses basicamente dos bancos. E não
poderia ser diferente. Paulo Guedes (ministro da fazenda) é banqueiro,
fundador do banco Pactual, hoje BTG Pactual”.
Descalabro e
desumanidade
Ao abrir a reunião, o presidente do Sindserv, Zoel Garcia Siqueira, disse
que o Brasil “é administrado por um grupo político conservador e reacionário
que deixa os trabalhadores em último plano”.
“No sindicato, não lutamos apenas pelos servidores, que são nossa
prioridade. Lutamos por todos os trabalhadores, vítimas do descalabro e
desumanidade das reformas trabalhista e previdenciária”, disse.
Zoel criticou o ministro da fazenda, Paulo Guedes, por se negar a fornecer
informações e fundamentos que levaram o governo a apresentar a reforma da
previdência ao congresso nacional.
“Por que esse segredo?”, questionou o sindicalista. “Por que esconder da
opinião pública, da imprensa, dos deputados e senadores essas informações?
Porque certamente há coisas erradas”.
Ataques
e tragédias
O presidente do sindicato dos servidores municipais de Santos (Sindserv),
Flávio Antônio Rodrigues Saraiva, que abordou a parte política da campanha,
classificou a reforma de “tragédia”.
“Neste momento terrível do país, temos dois grandes ataques contra os
trabalhadores”, disse o sindicalista, referindo-se às reformas trabalhista,
de Michel Temer (PMDB), e previdenciária, de Jair Bolsonaro (PSL).
“A trabalhista fragilizou os trabalhadores”, ponderou Flávio. “E a
previdenciária não garante sequer os pagamentos dos que já estão
aposentados, pois não haverá dinheiro para isso”.
O dirigente ressaltou que a reforma da previdência prejudica também os
servidores e defendeu que o movimento contra ela não deve se restringir aos
sindicatos.
Nos
bairros
“É por isso que vamos aos bairros, em busca de suas lideranças, para
capilarizar a luta e espalhar as informações necessárias ao engajamento da
população”, disse Flávio.
Segundo ele, essa atividade acontece por meio dos fóruns criados em todo o
país, que buscam as igrejas católica, evangélica e de outras religiões, além
de associações de melhoramentos e demais organizações.
“Vamos de bairro em bairro, com carros de som e panfletos”, explicou.
“Conversamos em todas as esquinas, residências, bares. No final do dia,
fazemos uma reunião geral para esclarecimentos”.
Nova reunião
na segunda-feira
Ao final da reunião, Zoel elogiou a presença do presidente da câmara
municipal, Edilson Dias (PT), e do secretário municipal do meio ambiente
Sidnei Aranha (PCdoB).
A próxima reunião, de trabalho, será na segunda-feira (29), às 19 horas, no
mesmo Sindserv. No dia seguinte, a partir das 18 horas, haverá uma passeata,
em Santos, no bairro Gonzaga.
GUARUJÁ
25/04/2019 20H55