O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, concedeu nesta quinta (18) entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, e defendeu o fim da legislação que, em vez de punição severa, prevê apenas aposentadoria com salários proporcionais ao tempo de serviço de magistrados condenados por crimes cometidos no exercício de suas funções. Mas observou que essa decisão caberá ao Poder Legislativo.
A maior parte da entrevista de Toffoli tratou da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinando a censura ou exclusão de conteúdo de reportagem da revista digital Crusoé em que ele é apontado como o “amigo do amigo do meu pai”. O ministro nega que tenha sido ato de censura, que, segundo ele só se estabelece quando a medida é prévia. No caso, disse Toffoli, a medida se impôs para sustar os danos causados à instituição pela publicação.
O presidente do STF foi entrevistado pelos jornalistas José Paulo de Andrade, Pedro Campos, Rafael Colombo, Thais Heredia e Claudio Humberto, que integram a bancada do Jornal Gente, sob a direção da jornalista Thays Freitas, que vai ao ar todos os dias das 8h às 10h na Rádio Bandeirantes de São Paulo.
Objetivo seria constranger ministros
O presidente do STF está convencido de que o documento que tenta envolvê-lo na Lava Jato foi vazado exatamente na véspera da data prevista para o julgamento da questão da prisão em segunda instância. “Tirem suas conclusões”, recomendou. Para o ministro, a intenção era constranger os ministros do STF a votar segundo os interesses da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, ou seja, contra a mudança do entendimento que determina a prisão do réu a partir da condenação em segunda instância.
Numa clara referência ao comportamento dos procuradores da Lava Jato em Curitiba, que em geral ficam inconformados quando derrotados em demandas na Justiça, ele lembrou a necessidade de ser observar o respeito às instituições e à hierarquia.