Agência Brasil - Brasília

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Questionado sobre se os militares colocados em cargos de confiança pelo governo anterior no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) sabotaram a segurança no dia 8 de janeiro, o ex-ministro da pasta Gonçalves Dias disse que quer acreditar que não, mas defendeu punição de possíveis envolvidos nos atos golpistas dentro do GSI.  

Gonçalves Dias depõe nesta quinta-feira (31) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura os atos golpistas do dia 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram os edifícios-sede dos Três Poderes, no centro de Brasília, inconformados com o resultado das eleições de outubro de 2022, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva presidente.

A relatora da CPMI senadora Eliziane Gama (PSD-MA) perguntou se houve sabotagem, uma vez que o Gabinete de Segurança Institucional manteve, até o dia 8 de janeiro, quase todos os militares nomeados pelo ex-ministro que ocupava o cargo no governo Bolsonaro, o general Augusto Heleno.

Eliziane lembrou que “órgãos vitais em situações de desordem pública” estavam chefiados por militares nomeados pelo general Heleno, como o general Carlos Penteado, ex-secretário-executivo do GSI e número dois da pasta. Outros setores do GSI comandados por pessoas nomeadas pelo ex-ministro Heleno eram: a secretaria de segurança e coordenação presidencial, a coordenação de avaliação de riscos, o departamento de segurança e coordenação presidencial, a diretoria de segurança, entre outros.  

“Todos esses vieram do governo anterior”, ressaltou a relatora da CPMI que, em seguida, questionou Dias sobre se com “as informações que foram apresentadas, o efetivo que o senhor tinha nas funções estratégias dentro do GSI, das informações passadas e o timing que as informações foram passadas, minha pergunta é muito clara: o senhor foi sabotado?”.  

“Eu herdei uma estrutura. Na primeira semana não deu para mudar nada. Mas eu quero acreditar que isso [sabotagem] não seja verdade. Nós temos que acreditar que as Forças Armadas são organizações de Estado, não de governo. Se houve algum erro, esse erro tem que ser apurado e a pessoa tem que ser punida”, respondeu Dias.  

Ingenuidade  

O deputado federal Rafael Brito (MDB-AL) perguntou a Dias se ele não deveria ter trocado os nomeados pelo general Augusto Heleno tendo em vista todo o contexto do país, com manifestações que pediam um golpe militar após a vitória de Lula.  

“O senhor sucedeu um ministro [general Augusto Heleno] que, em minha opinião pessoal, é expoente do golpismo. Ele é terrivelmente golpista”, destacou. “Não consigo entender o que levou o senhor a não promover trocas significativas em uma equipe que era claramente incentivadora de um golpe militar”, ponderou.  

Gonçalves Dias reconheceu que “talvez devesse ter feito isso (trocas significativas)”. Para Brito, o ex-ministro foi “ingênuo”, “incompetente” e “teve excesso de confiança na hierarquia das Forças Armadas”.