O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta terça-feira, 23, o relatório “World Economic Outlook”, em que traz um forte corte nas estimativas de crescimento econômico da América Latina, motivada por uma desaceleração mais profunda no Brasil e no México.

Na atualização do relatório, o fundo passou a estimar uma expansão de 0,8% para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil este ano. Em abril, a expectativa do órgão era de um crescimento de 2,1%.

Com o corte brusco, o FMI já está mais pessimista que o mercado brasileiro: os economistas dos bancos esperam um crescimento de 0,82% para o PIB, segundo dados coletados pelo Banco Central. Foi o segundo recuo seguido nas estimativas. Em janeiro, o crescimento esperado era de 2,5%.


A perda acentuada de fôlego do crescimento já ameaça afetar a expansão do próximo ano: para 2020, a expectativa do FMI é de crescimento de 2,4% – abaixo dos 2,5% esperados em abril.Segundo o Fundo, a piora é resultado do ‘considerável enfraquecimento’ da confiança, conforme seguem as incertezas sobre a aprovação da reforma da Previdência e outras reformas estruturais. A revisão para baixo reflete ainda uma demanda doméstica mais fraca que a esperada.

Na América Latina, o FMI disse que espera agora expansão de 0,6% este ano, ante 1,4% na estimativa anterior, feita em abril. Para 2020, a previsão foi ajustada de 2,4% para 2,3%.

“Na América Latina, a atividade desacelerou significativamente no início do ano em várias economias, principalmente devido a fatores regionais”, disse o fundo, que pediu aos governos que regulem os gastos fiscais e o endividamento.

O Fundo também apontou para uma desaceleração do PIB no México, que atualmente espera finalizar um novo acordo comercial com os Estados Unidos e o Canadá. A segunda maior economia regional crescerá 0,9% neste ano e aumentará para 1,9% no ano que vem, com uma redução de 0,7 ponto percentual na estimativa de 2019.

O FMI também ressaltou que a economia argentina contraiu no primeiro trimestre, mas em um ritmo mais lento do que em 2018, por isso reduziu ligeiramente sua estimativa para este ano para o país sul-americano.

A América Latina tem vivido uma desaceleração econômica nos últimos anos e em 2018 cresceu apenas 1%, segundo o FMI, prejudicada por fatores geopolíticos, declínio nos investimentos, dados mais moderados na China e, mais recentemente, por um cenário comercial mais tenso.

Em seu relatório divulgado nesta terça-feira (23), o Fundo reduziu suas projeções de crescimento global para este ano e para o próximo ano em 0,1 ponto percentual, para 3,2% e 3,5%, respectivamente, com riscos de queda em grande parte das estimativas.

O relatório também chamou a atenção para a crise humanitária e o “efeito devastador” da crise venezuelana, onde a economia irá contrair em torno de 35% este ano.