CRAS e Centro POP buscam levar qualidade de vida para pessoas em situação de vulnerabilidade

O profissional que, dentre tantas tarefas, devolve a esperança para pessoas que já não acreditam mais em si mesmas, tem celebrado nesta quarta-feira, 15 de maio, o Dia do Assistente Social. A data é uma homenagem àqueles que se dedicam a lutar pelos direitos humanos e que buscam melhores condições de vida para grupos sociais vulneráveis – com pessoas que até lamentam ter nascido.

A celebração é válida. Mas palavras de gratidão, vindas de quem em algum momento teve a esperança retomada por meio de um assistente social, equivale a um grande prêmio:

“Eu não tinha coragem de olhar para as pessoas. Andava sempre de cabeça baixa e pedia desculpas porque eu existia”, conta Adonil de Paula, 52 anos, ex-usuária de drogas e atualmente Educadora Social e artesã.

Um folheto do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) foi o suficiente para mudar completamente a vida dessa mãe de três filhos. E, dessa vez, para melhor. “Minha irmã recebeu um panfleto com todos os serviços oferecidos pelo CRAS. No começo eu não queria, mas percebi que eu tinha direitos, além dos meus deveres, e comecei a frequentar e fazer parte de tudo que era oferecido. Assim, eu comecei a me enxergar como uma cidadã”, explica.

Adonil entrou no CRAS em 2007 e foi por meio de trabalhos de artesanatos que ela descobriu que possuía um dom. Seus serviços foram notados e, assim, acabou sendo convidada para ministrar aulas para 35 mulheres.

“Comecei a me enxergar como um ser humano e descobri que poderia engajar essas mulheres numa luta. Para que todas saibam que possuem seus direitos e que têm um lugar na sociedade. Buscar os espaços que precisam ser ocupados”, diz.

A ex-usuária queria retribuir toda atenção recebida durante sua estadia dentro do CRAS. Dessa forma, ela conseguiu cursar a faculdade de serviços sociais e hoje leva tudo o que aprendeu para os que mais precisam de um olhar diferente. “Passei por momentos difíceis durante toda a minha vida. Mas foram momentos decisivos para eu buscar o melhor o caminho. E com o CRAS eu consegui”.

Em 2015, Adonil participou da sua primeira Conferência Municipal. “Conversando com pessoas em vulnerabilidade, eu percebi que existia uma outra sociedade, pois essas pessoas não conhecem os direitos que possuem”, fala.

Aprimorando seus conhecimentos, ela se candidatou para levar as propostas estudadas na Conferência Municipal ao nível Estadual. “Fui aclamada como uma das delegadas e tive a oportunidade de colocar a minha visão por meio da Conferência de Águas de Lindóia. Foi um momento muito especial na minha vida”.

Atualmente, Adonil faz parte do Conselho Municipal da Assistência Social (CMAS). Ela ingressou no Conselho enquanto ainda era usuária e, hoje, é secretária suplente do CMAS. Até o final deste ano, sua ambição é se formar para se tornar uma assistente social e continuar ajudando aqueles que mais carecem de atenção. “Agradeço a todos que me ajudaram chegar até aqui. Em especial, a Ticiana Bueno que é diretora de Proteção Social (da Secretaria de Assistência Social) e teve papel fundamental na minha trajetória”, finaliza.

Ticiana, 38 anos, é uma das responsáveis por ajudar diversas pessoas em situação de vulnerabilidade. Desde pequena, sempre gostou de ajudar as pessoas. No ano de 2000 ingressou na faculdade para cursar Serviço Social. “Eu participava de movimentos de igrejas e só queria saber de fazer o bem para o próximo. Assim, busquei conhecimento para ajudar melhor quem mais precisa”, conta.

Servidora pública desde 2007 da Prefeitura de São Vicente, ela está na Seas há 12 anos e já passou por diversas áreas da Secretaria. Atualmente é responsável pelas cinco unidades do CRAS da Cidade. “Mensurar tudo o que já passei e o impacto que isso tem nas pessoas que mais precisam de atenção é incrível”.

Apaixonada pelo o que faz, a assistente social explica que sua profissão precisa sempre se reinventar. “Nunca fazemos a mesma coisa, cada dia é uma proposta diferente, pessoas diferentes para atender e respostas diferentes. Trazer à tona aquilo que estava mais escondido dentro das pessoas e elas descobrirem que possuem a capacidade para fazer qualquer coisa, não tem preço”.

Orgulhosa dos trabalhos realizados pela secretaria de Assistência Social, ela fala que vai continuar trabalhando com o que mais ama por muito tempo. “Muita coisa me aguarda, só paro quando me aposentar”, finaliza.

Esperança - Andando durante 20 dias de São José do Rio Preto até chegar a São Vicente, Victor Hugo de Paula, 31 anos, é um entre os mais de centenas de moradores em situação de rua que fazem o uso dos serviços oferecidos pelo Centro de Referência Especializado para a População de Rua (Centro Pop).

Victor conheceu o Centro POP em 2012 e desde então sempre que está na Cidade faz questão de passar pelo local para utilizar os serviços oferecidos.

“As pessoas que trabalham no Centro POP são bem receptivas, eu me sinto muito acolhido e sei que vou ser bem atendido. O espaço não possui nenhum tipo de discriminação e isso é muito importante para quem não tem seu espaço na sociedade”, explica.

Victor tem um sonho de ser assistente social e desde criança sempre gostou de ajudar o próximo. “Eu me coloco no lugar da pessoa, se ela não estiver bem, eu também não estou. Todos deveriam ser assim”.

Ele começou a cursar Serviço Social em São Paulo, mas por problemas particulares precisou interromper seu grande objetivo. “Eu quero encontrar um emprego, voltar a estudar e trabalhar na área”, diz.

A assistente social Eliana Oliveira Pedreira Lima, explica como é realizado o procedimento daqueles que frequentam o Centro POP. “Fazemos uma escutaqualificada, identificamos o motivo que o morador está em situação de rua, verificamos as demandas, e, a partir disso, traçamos um plano de ação para ajudar da melhor forma possível aqueles que precisam de ajuda”.

Há mais de 10 anos atuando na área, Eliana fala que o principal objetivo é ajudar o morador a superar a situação de rua que ele se encontra no momento que chega ao Centro POP.

“Entramos em contato com a família e encaminhamos para cursos profissionalizantes e a outras atividades, como rodas de conversas. A partir do momento que conseguimos estabelecer uma relação de confiança com o morador, começa o processo de recuperação”. 

Quando estava no ensino médio, Eliana participou de uma feira de profissões e desde que conheceu o curso de serviço social não quis saber de fazer outra coisa. “A parte de fazer a diferença na vida de alguém é o que me motiva como uma profissional de serviço social”.

Na Prefeitura de São Vicente desde 2015, após passar com uma boa qualificação para assistente social, Eliana foi convocada pela Seas e já trabalhou em outras áreas da pasta, como o CRAS.

Para a assistente social, o importante é realizar um trabalho continuo em busca de respostas positivas. “Quando você trabalha arduamente em cima de um objetivo e busca executar de acordo com tudo que o Município tem para oferecer por meio de uma gestão que proporciona toda a estrutura necessária, é gratificante o resultado que estamos conquistando”, finaliza.

CRAS - O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é responsável por viabilizar os serviços, programas e projetos sociais desenvolvidos por meio dos Governos Federal, Estadual e Municipal. O objetivo é prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidade e risco social, além da ampliação e garantia do acesso aos direitos dos cidadãos.

Ao todo, a Cidade conta com cinco unidades, totalizando 600 pessoas assistidas diariamente e 8.688 famílias referenciadas no geral. Em todas as unidades, a principal meta é a humanização do atendimento e o incentivo para que todos os beneficiários conquistem perspectivas de uma vida melhor. Os cinco CRAS vicentinos são: Vila Margarida, São Vicente (Linha Amarela), Jóquei Clube, Humaitá e Parque das Bandeiras.

Centro POP - O Centro de Referência Especializado para a População de Rua (Centro Pop) fica na Rua Capitão Mor Aguiar, 436, no Centro.

Normalmente, no Centro Pop são oferecidos café da manhã, banho, atendimento com os técnicos, bem como encaminhamento para retirada de documentos. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 7 às 19 horas e atende em média, 200 pessoas por dia.